"Receba em teus braços o meu pecado de pensar."
(Clarice Lispector)
quinta-feira, 28 de dezembro de 2006
As coisas adormecidas
Acorde beija-flor. Siga. Vá até ali, siga mais um tiquinho. Pare. Fique assim. Afaste-se. Vá até o jardim do vizinho. E adormeça, beija-flor. Adormeça, mas acorde melhor Em um dia lindo e comum. Sereno, levanta-te passarinho e Vai...
Um comentário:
Anônimo
disse...
Filhuta, aí: Traduzir-se Ferreira Gullar
Uma parte de mim é todo mundo: outra parte é ninguém: fundo sem fundo.
Uma parte de mim é multidão: outra parte estranheza e solidão.
Uma parte de mim pesa, pondera: outra parte delira.
Uma parte de mim almoça e janta: outra parte se espanta.
Uma parte de mim é permanente: outra parte se sabe de repente.
Uma parte de mim é só vertigem: outra parte, linguagem.
Traduzir uma parte na outra parte — que é uma questão de vida ou morte — será arte?
Um comentário:
Filhuta, aí:
Traduzir-se
Ferreira Gullar
Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.
Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.
Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.
Uma parte de mim
almoça e janta:
outra parte
se espanta.
Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.
Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.
Traduzir uma parte
na outra parte
— que é uma questão
de vida ou morte —
será arte?
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