Algumas semanas são mais cinzas que outras. Alguns sábados
não deveriam amanhecer. Vi, alí ontem mesmo, um grande amor morrer. Mas grandes
amores não morrem. Mas eu vi, vi morrer uma parte do amor. E é sempre assim...
o fim. Uma parte morre. Outra parte vibra, sangue vibrante circula todo o corpo
vivo enquanto o cinza preenche o outro... o cinza móbido, de um corpo gelado,
que amou. E que morreu. Dessa cena triste, veio um turbilhão de sentimentos:
perda de tempo essa bobagem de desaproveitar a vida, de se fechar para o amor,
de não viver ou de viver de mansinho. Ficou a sensação de aproveitar tudo,
agora, neste instante intenso que não pode haver outro, nunca mais. Mas, a
morte de um grande amor será sempre a morte de um pedaço (enorme) da gente.
Morrem os sonhos, os planos, os carinhos, a reciprocidade. Ver uma morte real,
(Oh! Quanto egoísmo, Marina!) me reavivou a memoria de outras tantas mortes
cotidianas e da perda do meu grande amor. Em algumas manhãs de sábado, fica a
certeza que, sim, a morte é eterna. E-T-E-R-N-A. Um fim neste momento para toda
e qualquer esperança. Um sopro gelado na alma, uma lembrança morta e nada mais.
Ponto! Não será mais, ei-lo concreto e real: foi o fim, de uma vez por toda o
lápis vermelho na caixinha.
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