Ele:
- Como você me percebe?
Ela:
- Então...
(Você não sabe. Não faz ideia do quanto você se faz presente
nos meus dias. As vezes, chega a ser inconveniente. Sabe aquela
conversa boba, de dia-a-dia? Eu sempre solto alguma coisa sua, sem
querer e quando vejo já falei em você de novo, como meu herói, meu
protetor, o chato mais amável do planeta, pela trigésima vez com a
minha estagiária. Sabe? Eu te vejo com vários sentidos e o
principal é o sentir em expansão. Confesso: temo que não caiba, em
mim, o tamanho que você assume. Te vejo enorme! Te vejo palpitar
rápido aqui dentro do peito. Vejo você percorrer por mim com uma
velocidade assustadora. As vezes, tomo um susto mesmo. Mas, todos os
dias me surpreendo. Você não sabe... Não faz ideia de como está
sendo bom dormir, de como existe um encaixe mágico nas suas costas e
como seu tamanho é o tamanho perfeito para as minhas pernas
encaixarem-se certinho nas suas ou do quanto eu sou grata por você,
cheio de “homismos e independências”, me ouvir, refletir e
escolher montar uma hortinha ou pensar no espelho de encostar, só
porque eu queria, porque queria, a hortinha e acho brega o espelho
grande de parede. Você não faz ideia de como é bom saber que você
está perto, mesmo que trabalhando louco e descabeladamente. É tão
bom ouvir depois do café da manhã de sábado você me perguntar se
eu não tenho que trabalhar e eu poder responder, sem ser tachada de
workholic, que “sim, seria bom trabalhar um pouquinho”. E,
depois, desmaiar de cansaço e acordar toda torta e com dores por ter
apagado no seu colo, no sofá. Você sequer imagina o quanto eu estou
mais próxima de mim, depois que te conheci. Te conhecer, me fez me
conhecer muito mais. Mais serena, mais resiliente, mais madura. Eu,
menina, te vejo e viro mulher, sem perder a esperança. Ta ai, rapaz!
Eu te vejo como a antiga esperança em viver um amor duradouro, calmo
e companheiro. E o que você não faz ideia mesmo é que eu tenho
vivido este amor todos os dias com a sua presença.)
… eu te acho tão maduro.
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