segunda-feira, 24 de dezembro de 2007
Eduardo e Mônica
quarta-feira, 12 de dezembro de 2007
Sofisma
E... quando olhava para cima, para seu caleidoscópio multicor, ela teve vontade de tê-lo pertinho. Fechou os olhos bem apertados e o desejou com muita força. Dizem que ela se fez caco. Caquinhos do lustre que caiu sobre o pratinho de ervilha se misturaram aos caquinhos dela, menina-pétalas-de-flor.
(- Tapa os olhos com o vestido, menina.)
Também dizem que quando pertinho do estrondo, a menina sorria e atirava, desesperadamente, as ervilhas do prato para que elas se salvassem. Contam-nos sobre o cheiro naquele momento: cheiro de cores. Todas as cores, juntas para pintar o quadro mais triste de já se viu. O quadro do dia que a menina que brincava com o pratinho de ervilha se foi...
(- O medo vai embora... Vai sim.)
segunda-feira, 3 de dezembro de 2007
- Caleidoscópio sinestésico, misture-me. Absorva-me em suas cores. Prova-me seus amores.
domingo, 25 de novembro de 2007
quarta-feira, 21 de novembro de 2007
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Fechada na palma da minha mão...
sexta-feira, 16 de novembro de 2007
Para te morder e para soprar a fim
de que eu não te doa demais, meu amor,
já que tenho que te doer,
eu sou o lobo inevitável pois a vida me foi dada. (...)"
segunda-feira, 12 de novembro de 2007
Da volta.
Que aquela alegria ainda está comigo
E que a minha ternura não ficou na estrada
Não ficou no tempo presa na poeira
Eu apenas queria que você soubesse
Que esta menina hoje é uma mulher
E que esta mulher é uma menina
Que colheu seu fruto flor do seu carinho
Eu apenas queria dizer a todo mundo que me gosta
Que hoje eu me gosto muito mais
Porque me entendo muito mais também
E que a atitude de recomeçar é todo dia toda hora
É se respeitar na sua força e fé
E se olhar bem fundo até o dedão do pé
Eu apenas queria que você soubesse
Que essa criança brinca nesta roda
E não teme o corte de novas feridas
Pois tem a saúde que aprendeu com a vida...
(Gonzaguinha)
Ciclos. Morte-vida. Na volta do barco, o cansaço pesa muito mais...
quarta-feira, 31 de outubro de 2007
Do imutável
Que amava Rita que amava Dito que amava Rita que amava Dito que amava Rita que amava.
Que amava Rita que amava Dito que amava Rita que amava Dito que amava Rita que amava.
Que amava Rita que amava Dito que amava Rita que amava Dito que amava Rita que amava.
Que amava Rita que amava Dito que amava Rita que amava Dito que amava Rita que amava.
Que amava Rita que amava Dito que amava Rita que amava Dito que amava Rita que amava.
Que amava Rita que amava Dito que amava Rita que amava Dito que amava Rita que amava.
Que amava Rita que amava Dito que amava Rita que amava Dito que amava Rita que amava.
Que amava Rita que amava Dito que amava Rita que amava Dito que amava Rita que amava.
E, dito que amava Rita que amava o dito que amava Rita que amava. E amava... E amava toda a quadrilha também.
quinta-feira, 18 de outubro de 2007
quarta-feira, 10 de outubro de 2007
Ao Senhor U., remanescente e saudoso soldado,
Venho primeiramente saudar-lhe pela audácia de escrever-me. Poucos sabem do que não sou. Outros menos sabem do que me tornei. Você encerra tais delimitações. Pretendia esmiuçar a situação, visto que desses lados do muro vê-se coisas diferentes do que as minhas. Resolvo, de súbito, que não. Deixarei-lhe com lamúrias de uma senhora. Quarenta e três anos - vulgos três, passados dentre armar-me e negar-me. Lamento, não somente por pactos quebrados, fixei-me no conhecer para alcançar além das camadas aéreas. Lancei-me ao espaço, não diferente de como faço hoje metaforicamente. Lancei-me. A causa era nobre, fortificar-nos; ó, Senhor , por vezes esqueci de fortalecer-me por mim. Fortalecia-me a luta, progresso da comunicação. Pressentia e comprovava o improvável perfeito, que seria provável com tal corrida contra - quem sabe? - o tempo. Tempo, tempo, tempo, tempo, tentei sim, coexistir pacificamente. Mas, ideologicamente segui a lutar e as crises inevitáveis também a coexistir. Confesso-lhe que pensei amenizar-me, vã ilusão. Voltei-me esquiva, dentre aspas, novamente ao provável – desta vez, suprimido o prefixo. E, não menos provável: armas aos inimigos. Articula-se obscuramente a troco de cessar-me. Destas, impulsionaram reformas cheirando a mofo e que de certo nasciam de labirintos com grandes prateleiras. Sim, meu saudoso soldado, não podias ver-me, assim como a mim mesmo tal era negado. Sob domínios dúbios tentei aproximar-me de mim diplomaticamente, princípio de meu fim. Perto do fim, puderam, então, escolher pela primeira vez. Meio do fim, puderam presenciar quedas do que faziam você ver coisas diferentes das minhas. Caíram peça por peça. Uma a uma, de cores, decoradas, arrancadas. Uma a uma. Não nego-lhe, abriu-se espaço para verem o caos. E o caos antes instalado seria arrancado -um a um, independente do tempo. E lhe afirmo, mesmo que em processo, hoje isto será improvável. Extremamente improvável que se desfaça de tudo. Sigo, desde então, com uma lucidez perigosa, como as de quem antevê renuncias próprias em detrinimento ao desconhecido. Novamente, arrancam-me de mim, do mundo, do caos. E mastigam-me politicamente, paradoxalmente independências – neste caso, deixaria em questionamento a propriedade do prefixo, use-o como bem entender. “(Pré-)fixos”. Use-os um a um, arrancado-os - ou não... - sem expor-me e, surpreendentemente, sem que haja necessidade real de questionar alguma validade ou veracidade de tal relato que lhe escrevo aqui, pois o que lhe escrevo veio apenas de mim. De toda docilidade noturna e sua não luminosidade; e estando presa deste asilo, não sinto-me louca apenas ao sol. Fique comigo através do que fui um dia, saudoso soldado remanescente. Hoje, passados 31 dias do presente mês e lamentavelmente véspera de completude do mês destes 43 anos passados, renuncio-me. Renuncio-lhe, sonho, trancafiando-me ao sol. Enfim, meu amigo, desejo não incomodar-lhe; e caso receai e recusai esta confissão, pediria-lhe que meditasse primeiro, pois esta é a única que posso deixar-lhe.
Pois bem: Sou-me, inglório fim.
Beatriz.
Kiev, 31 de dezembro de 1991.
quarta-feira, 3 de outubro de 2007
Morte-vida
- Eu te mato, saudade!
segunda-feira, 1 de outubro de 2007
sexta-feira, 21 de setembro de 2007
segunda-feira, 3 de setembro de 2007
Prometo a mim que estas serão as últimas linhas. São as tais promessas de nunca mais, feitas tantas vezes e que valeram não mais do que por dois segundos. Estranhamente, prometo sem a necessidade de fazer uma promessa, efetivamente. Não seria capaz de cumpri-la, nunca, nunca mais. Depois de tantas mortes de mim, quantas vidas ainda me restam para desperdiçá-las em silêncio? Sabida a resposta, a ação, companheira de caracterização do “nunca mais”, dura também por dois segundos. Dois segundos de cansaço intenso, de corpo, de alma, de sentimentos claros, uma lucidez assustadora que me leva até você, desmancham a minha antiga promessa de não mais envolver. Enganei-me comigo ao achar que podia ser forte e evitar, calar o que, de primeira, foi eloqüente. Por dois segundos relativos calei e em dois segundos literais o pensamento tomou ares de promessas ilusórias de vida em comunhão. Sim, comunhão. O que não havia necessidade de falar, a menos ao meu entendimento, eram de tais comunhões. Até mesmo os olhares de fora percebiam o que não víamos. Eram iguais... as aflições e inseguranças justificadas com o desenvolvimento humano e instabilidade característica versus equações que tendem ao infinito, a doçura de escrever do que é de dentro camuflado, esse medo da entrega extrema e a adoração de momentos únicos. E são tantas coisas que mereciam ser faladas, mesmo que por dois segundos, e não foram, nem nunca mais serão. Talvez o nunca mais dure um pouco mais ou um pouco menos do que a ‘alegria triste’ que permeou há algum tempo.
“Unplayed pianos
Are often by a window
In a room where nobody loved goes
She sits alone with her silent song
Somebody bring her home"
"Unplayed piano
Still holds a tune
Years pass by
In the changing of the moon..."
sexta-feira, 24 de agosto de 2007
"A imbecilidade tem direitos...
... MAS TEM LIMITES."
quinta-feira, 9 de agosto de 2007
Endless circles.
Eu andava e procurava.
Em busca da ventura,
Eu esperava...
esperava...
esperava.
Eu me cansava...
Sem rumo.
Sem mais... acreditava.
Por fim, o vi.
Eu encontrava e apertava
- contra o peito,
Eu segurava e guardava.
Eu deitava e sonhava.
Revirava o já escrito e o modificava.
Relia e reascendia:
Signos, símbolos, sentidos.
Eu voava e sentia.
Eu sentia.
Sentia...
Sentia...
O toque longe, eu sentia.
O primeiro sonho, eu sentia.
O meu primeiro sentido.
Mas ventava e ainda venta.
Ainda vai, coisas inatingíveis – oras!
ao meu toque e sonho
e sentido, ainda vai.
Eu acordo e verifico
Os tristes caminhos.
Eu ando e procuro.
Eu espero...
Espero...
Espero...
E adormeço na distante presença
das estrelas.
sábado, 4 de agosto de 2007
De onde te vejo
Mas eu recordo de sonhos não completamente vivos.
E tu, guardas memória numérica de tudo?
Mesmo do início,
Quando insistias em esquecer
O que de mais poderia ter sido?
Já eras belo, então.
De onde te via verde era mais chegado,
A paz, mais contemporânea
E a lua
(Tal qual a borda superior de um copo cheio
Que transborda o céu de estrelas, a sua lua...)
Julgava embelezar as noites de tua ausência.
Vivo de angústia a esperar o inevitável,
Que não se consuma
Mas reafirma-se na memória de um rosto inolvidável.
Já eras belo, então?
Ou sou alvo fácil do passar do tempo,
De um ardil ferino da imaginação?
Sim, sou o guarda da noite
E dela observo o que me possui.
Nada poderia ser mais insone
Que meus olhos nos teus ao raiar de outro dia de doce ilusão.
Aguardo o definhar de uma dúvida
Que te pertence
E me incita a provar do antídoto
Deste amor gélido-ardente
Com o qual me embriago
Num sentir sem precedentes.
Tecla sap:
87424724848292044479847
947414081247047104174012
740148471474074470147041
7481474645144784148-4849
149874764175759357395795
71652545495006-7095847655
424242648759607079874635
sábado, 28 de julho de 2007
É... saudade?
Todos os dias. A mesma ternura com que sou tratada tento tratar, e a resposta vem sempre doce, com um 'ah, Pinka!', naturalmente. Todos os dias uma mulher se veste de mulher ruiva e sopra pozinhos, transmuta-se em duenda com flauta em mãos a roubar-me - não, roubar-me não! Compartilhar, isso! - digo, compartilhar parte de nossa infância. E todos os dias ficam curtos de tanto que se fala, gesticula, canta, serena e faz sorrir. Os antigos merecedores de sorrisos que um dia, em um papinho informal, eu pedi à Deus! Ele, na figura Dela, veio... Veio fazer de todos os meus dias paisagens de sentimentos. Sim, paradoxalmente ao me ver nela me sinto mais eu. Sinto confortada pelo destino de poder ser como Ela é (ou algo muito próximo, tenho comigo essa certeza), ser um ser noturno não dói mais. Tenho além dos dias, as noites acordadas e nosso lugar seguro. Nosso lugar de conversas sem fim, travesseiro quente e muito afago. Almas irmãs que se encontram e se abraçam, tanto no claro dos sorrisos radiantes como nas noites chuvosas. Todos os dias não são mais iguais e tudo dá pé porque a tenho como uma filha tem a uma mãe, como a flor tem o cuidado, como a vida tem os sentimentos.
Todos os dias... exceto esses dois dias e meio que a sua presença se faz no coração. Eu, egoísta (sim, também temos vícios de linguagem, né, Pinka?). Ela merece o descanso desses dias, mocinha! E, ela merece muito mais do que um lugar calmo. Ela merece o manto das santas protetoras dos que vivem inocentemente. Ah, mas eu não consigo parar de pensar como todos os dias são singulares quando em sua companhia, e lamento não ouvir, por ora, a menor e mais bonita poesia: 'Voltei...'. Estes dois dias e meio são reflexo do imensurável desejo de partilhar emoções estáticas, emoções incoerentes, emoções mutáveis. Nesses dois dias, o café puro na mesma xícara se manteve, assim como a ronda nos bat-lugares e a certeza de que está tudo bem, só as cores e o meu sol que não saíram todos esses (dois longos) dias.
- Duende, dá pra devolver o meu Sol?
segunda-feira, 16 de julho de 2007
Mosaico, mistureba e mimimi
Corpo cansado, mente cansada. Ocorreu uma implosão de pensamentos que a fez perceber que angustia. E além deles ninguém viu, ninguém sentiu... Da janela, uma visão vermelha. A vida avermelhada, quente fora e dentro dela, barulhos sem fim – é a centelha do que arde, deixa carne viva vermelha. Ela quer descanso e algo que entorpeça, mas consegue somente permanecer na janela incorporando cada feixe de luz que se vai e cada ponto luminoso que acende ao longe.
- Estava lindo. Pontinhos de nada, na noite que não deveria ter fim.
“Sem fim”. Ela fala para dentro. Fala para si, como se precisasse agarrar-se em cada fragmento de memória ainda vivo. Mas hoje, ela sabe que não precisa de palavras – mesmo sendo tão necessário serenar com a construção das linhas; a comunhão é outra no silêncio: o diálogo mais complexo, encontro de desejos inconstantes. Não, ela não precisa mais das palavras hoje. Ela tem a vida vermelha da janela, ela tem os tremores internos e as luzes crepusculares da memória. Ele é lunar. Ela é lunar? Ela também é lunar, a sua maneira. Luiza minguante a se jogar na cama tentando sentir o cheiro que nunca estivera ali em seu travesseiro. "Cubra seu rosto, Pequena... Esconda seu adolescer tardio". Ela, olhar perdido, observa o que há muito estivera lhe habitando. O que ela encontrou aquele olhar? Seus olhos crepuscularmente minguantes ainda cintilam. Ela chega mais perto? Ah! Ela se esconde dela. Escondendo os olhos, esconde-se a alma, mesmo havendo nesses teimosa entrega. Peças de dentro se encaixando (aqui e ali, será?)... Encaixa-se, Luiza! E o que virá no amanhã? Luiza nova e a certeza de que o que hoje se esconde, permanecerá “milênios e milênios no ar”...
Obs.: Ela assombra-se com a realidade não diferente das outras, e teme que tenha sido lida. Não ter tido suas palavras, mas seu corpo lido. E, ele foi, ela pressente que sim. De súbito, percebe-se toda uma vida, em forma de pressentimentos. Ela, finalmente, percebeu que o mesmo sempre é isso: o medo de ser lida por inteiro, ser atropelada por olhares que não respeitariam nenhuma pontuação, porque ela se permitiu ler. Agora, ela não mais controla. Inconscientemente, a moça se entrega, deixa de ser densa. Despindo-se das metáforas que a escondiam, ela se sente limpa, clara, talvez (não se sabe ao certo...) ela se sinta ansiosamente viva e quer chorar. Ah! Quer chorar atéééééééé que o cansaço do talvez desapareça.
Obs. II: Aos pequenos, emoções inversamente proporcionais ao tamanho...
quarta-feira, 11 de julho de 2007
Tudo pulsa, aqui dentro. E dura e dói de tão belo. E cintila, expande e toma o que é de direito por tanto tempo. Distorcer a realidade, solução? No mundo que apalpo, as coisas são sonhadas. No mundo que sonho, as coisas são palpáveis (ou não...). Na cor-viva me encontro e me perco. E me perderia, sempre, para encontrar a cor-sonhada no mundo que apalpo.
- Dois fios, Deus! Entrelace-os ou mande parar...
segunda-feira, 2 de julho de 2007
Entre os chãos, distância. E ela sorri como se pudesse observar o mundo sem ser percebida. E ela vê tudo, deixando o antigo olhar cansado das mesmices, para ver o que ela tanto deseja. Entre muitos, nada. No corpo um torpor. Ela sente seu rosto queimar e esta quentura desce milímetro por milímetro. Ela respira. Ela controla. Ela observa, após sorrir com a alma, e sente que tudo, antes, era nada. Entre nada, o dela. O destino enfeitado por flores, o dela... Deus brinca com os raios que caem seguidamente. Raio que transforma chuva em pó que cintila, naturalmente. E o tudo, antes nada, brilha tanto, que ela resolve se desfazer em todas as cores, juntas a se movimentar deixando a pele branca ao perceber que pode ver sem ser vista. Entre chão, entre muitos e entre nadas, o que é dela? O esconderijo secreto do olhar, espelhos e desejos. Felicidade sublime! Ela pode ver quando não se vê mais “os nadas”, nem os chãos, nem “os muitos”. Ela vê, com o coração, tudo! Ah! Os tremores, a fuga, e começo de sorriso final a acompanhá-la por todo o caminho de casa. Deus está nos detalhes e ela em oração.
terça-feira, 26 de junho de 2007
Eu o vi. Em uma seqüência numérica, traduzida em cores, eu o vi. No mesmo instante que o vi em cores, eu o vi dentro de mim. E ele estava lindo, como sempre. No olhar, havia algo que eu ainda não sei, mas que transforma. Transforma tanto e tudo, que eu esqueci dos transtornos desses dias, das amolações gratuitas, da insistência das outras peças que já se foram e não se encaixam, aqui, mais. Esqueci, também, do quanto neguei o que sentia quando o via, assim, gélido; e entendi: ele estava paralisado no tempo real, mas vivo dentro da minha realidade inventada. Não como as outras peças que duraram tempos. Não... Ele, realidade de dia singular, viverá uma vida inteira aqui dentro. E, é isso. Ele sempre vai estar vivo no meu mundo, porque no silêncio dos dias – e da vida – nos comunicamos, mesmo sem ele saber, e isto basta. Basta saber que há algo naqueles olhos que revive qualquer cor pálida. Eu o vi: uma explosão de cores traduzidas numa única e simbólica cor. Ah! E ele sequer sabe disso... Mas eu o vi – lá fora e aqui dentro – e senti meu corpo respirar, novamente.
- Não vai responder, não? Você não sai desse mundo, hein, Luiza?
segunda-feira, 25 de junho de 2007
reminiscência
... and the pieces don't fit here anymore.
terça-feira, 19 de junho de 2007
Dois meses arábicos
“Vem, me dê a mão, a gente agora já não tinha medo
Não me assustaria se em meio ao latim, alguém me lesse inteiramente, e é isso que busco. Alguém que me leia por completo, seguindo minhas reticências; necessito que tome por leitura minha existência, não o ser monte-de-moléculas Marina. Quero ser livro denso, língua mãe, ser devorada por olhos, mãos, boca, corpo na sua função verdadeira: viver. Faltou-me liberdade! Laçaram-me a alma pela pior forma, prendendo-me entre as mãos delicadas. Não posso ser pássaro preso, nem para curar-me asa quebrada. Hoje, recruto osteoclastos para reabsorver cada mg ósseo que me resta, transformar-me em pensamento, agarrar-me à dialética e abstrair do certo que “traria” felicidade. Finda o tempo de ser o que não sou, de amar o que não amo, de ser sombra e, por não ter sido lida, ter que me mostrar calor. É moça, hora da apoptose das células que eram de qualquer um, menos suas.
“E agora eu era um louco a perguntar
E, enfim, reticências...
domingo, 17 de junho de 2007
O que se guarda em caixa de delicadeza, independente na nova estação, são suas sempre-vivas, infinitas enquanto durem. Deixa estar... posto que são sempre vivas.
sábado, 9 de junho de 2007
"Moça, olha só o que eu te escrevi..."
Das estrelas via-se um mundo sem cores. Via-se vidas opacas, jardins secos, caixas vazias. Renovar tudo, o grande manipulador resolve. Colocou então no mesmo caminho duas sonhadoras. E uma flor magnífica, cresceu devagar...
“É preciso força pra sonhar e perceber
que a estrada vai além do que se vê”
Surgiram afinidades, projeções, apertões virtuais. Dela ganhasse o melhor afago, o apoio incondicional, a cara a tapa em busca do que é nosso de direito. Direito. Entre tantos homens, tantos livros, encontra-se junto à ela, um ser de barbas brancas que lhes dá licença para alterar qualquer escrito. Licença poética da vida! È isso! Ela tem licença poética para alterar qualquer pedaço de ser, de tocar fundo, de espalhar pozinho de pirlimpimpim e deixar tudo branquinho... Juntas inventam-se histórias em quadrinhos. São Batman e Robin em busca do terno. E, quando o tempo simplesmente pára, com ela consegue-se leveza suficiente para que, com apenas um sopro (de vida), ele volte a andar. Assim como quando o mundo insiste em desafiá-las. Ela ternamente resolve dominá-lo através dos sonhos de laboratório. Às vezes, num deslize, faz-se cada coisa, Pinka! Às vezes, surgem idéias brilhantes e doces, Cérebro! Tão cérebro que em dias nublados ela, docemente, grita:
- Hannibal! Coma o indelicado!
E depois do banquete, ela sorri, e saltita pelos jardins e não dorme. Proteção, doninha... Proteção!
“Sei que o vento que entortou a flor passou também por nosso lar e foi você quem desviou
com golpes de pincel...”
Ela possui o poder de saber quando tudo está sem cores. Nesses dias, ela vira magia. Cigana a dançar, e em dois minutos têm-se histórias incríveis com todos os retratos em preto e branco... Ai de quem nunca teve bolha de sabão! Ai de quem nunca rasgou o coração! Ao lado dela, o peso das decepções diminui, a vida fica terna, doce, colorida, florida na medida certa. E descobre-se que a medida certa é uma só. Uma única coisa passional e branca. Alva de alma. Orquídea branca, mãe, amiga, companheira de sonhos. Menina flor, sortuda! Eu, (245 vezes) sortuda! Duas crianças que, agora, voejam longe. Vão de encontro ao céu, e, ficam a observar o mundo sem cores lá de cima, do esconderijo seguro.
“Eu sei, é o amor que ninguém mais vê. Deixa eu ver a moça... Toma o teu, voa mais, que o bloco da família vai atrás!”
Eu, sem palavras para agradecer!
quinta-feira, 7 de junho de 2007
Do sagrado construto
sábado, 2 de junho de 2007
Das necessidades
Quero também: James Morrison – Wonderful World
“And I know that it's a wonderful world
But I cant feel it right now,
I thought I was doing well but I just want to cry now,
Well I know that its a wonderful world from the sky down to the sea”
quarta-feira, 23 de maio de 2007
Neste instante, no sexto andar de um hospital, uma jovem fica estática frente a mais doce surpresa de todos os tempos: músicas de se deixar levar e muita ternura em cada pedacinho doce. Os dizeres do papel fizeram de coisas simples, motivos para sorrir. E o fotógrafo, o delicado Srto. Quincampoix, de longe, pressente preocupadamente todas as interseções futuras, e mais uma vez, em um click, faz ternuras!
Já em casa, ela vê: “Então, minha querida Amélie... você não tem ossos de vidro. Pode suportar os baques da vida. Se deixar passar essa chance... então, com o tempo, seu coração ficará tão seco e quebradiço quanto meu esqueleto. Então... vá em frente, pelo amor de Deus!”
Estamos em dias reais de maio. São exatamente 19:12 h da noite. No lar de Srta. Fonseca, em frente ao computador, no final de mais um dia de aulas na faculdade. No mesmo instante em que Deus resolve fazer mais uma gracinha. A temperatura é 24°C, a umidade é 70%, e a pressão atmosférica, 990milibar.
sábado, 12 de maio de 2007
quarta-feira, 9 de maio de 2007
quinta-feira, 3 de maio de 2007
sábado, 28 de abril de 2007
Sou assombrada pelos meus fantasmas que surgem do ontem. Na linha tênue dos meus sonhos, me transformo em duas. Uma liberta-se de paradigmas e vive do desejo maligno de ser feliz, a outra se tranca em escritas e páginas, vivendo de papel e tinta. Não preciso de definições constantes, sou apenas mais uma vinda do sagrado construto que se desfaz em segundos com a chegada de novos fantasmas, e assim me desmonto. Para me organizar preciso de me desorganizar intensamente. Transformo no bêbado e na equilibrista, no que não deveria se mostrar e no translúcido porta-retratos, mas aceito essa condição contraditória. E, sendo mais de uma, necessito de testar-me. Brinco com meus “eus” e com meus erros, na busca do que algum dia será o verdadeiro. Enquanto houver possibilidade vou continuar a brindar com o acaso, sem esperar mais do que isso. Irremediavelmente, serei sempre quem vai errar por tentar e fazê-lo até que se esgotem todas as possibilidades. E na nova cara de menina sozinha ficará apenas uma definição constante: minha liberdade.
sábado, 21 de abril de 2007
domingo, 15 de abril de 2007
quinta-feira, 12 de abril de 2007
Confusão Urbana
quinta-feira, 5 de abril de 2007
"Eu quero é que esse canto torto, feito faca, corte a carne de vocês..."
A imagem no espelho não é a mesma de seis meses. Antes, os olhos estavam fechados. Cargas pesadas para as sensíveis pálpebras. Não via, não via nada. Hoje, luz que incide sobre o cristal de Luiza faz cegar. Dois pontos continuam os mesmos no meio de tantas mutações: o motivo por trás do que faz cegar e o ato de cegar-se, puro e mecânico. Reconhecimentos, sim. Seria o caminho se o canto não cortasse a carne e sangrasse até a última gota. É o que eu quero: esse cego desespero modista a cantar "tenho vinte e cinco anos de sonhos, de sangue e de América do Sul", talhando sobre a pele mais um belo ciclo a se finalizar. Se sou raio, cega-me. Se sou escuridão, cega-me. Posso ser tudo e não ser, ou até ser o que não posso ser, assim, traçada nessas linhas. Ah, a vida inventada é muito melhor!
sábado, 31 de março de 2007
Oh, my Dindi...
quarta-feira, 21 de março de 2007
sábado, 17 de março de 2007
"Rua, espada nua"
quarta-feira, 14 de março de 2007
quinta-feira, 8 de março de 2007
Dia Internacional da Mulher
Na Segunda metade do século XVIII, as grandes transformações ocorridas no processo produtivo e que resultaram na Revolução Industrial, trouxeram consigo uma série de reivindicações até então inexistentes. A absorção do trabalho feminino pelas indústrias, como forma de baratear os salários, inseriu definitivamente a mulher no mundo da produção, passando a obrigá-la a conviver com jornadas de trabalho de 17 horas diárias, em condições insalubres, submetidas a espancamentos e ameaças sexuais constantes, e salários que chegavam a ser 60% menores que os dos homens, condição esta que não difere muito dos dias atuais.
Então, no bojo das manifestações pela redução da jornada de trabalho, 129 tecelãs da Fábrica de Tecidos Cotton, em Nova Iorque, cruzaram os braços e paralisaram os trabalhos pelo direito a uma jornada de 10 horas, durante primeira greve norte-americana conduzida unicamente por mulheres. Violentamente reprimidas pela polícia, as operárias, acuadas, refugiaram-se nas dependências da fábrica. No dia 8 de março de 1857, os patrões e a polícia trancaram as portas da fábrica e atearam fogo. As tecelãs morreram carbonizadas e asfixiadas.
Durante a II Conferência Internacional de Mulheres, realizada em 1910 na Dinamarca, a famosa ativista pelos direitos femininos, Clara Zetkin, propôs que o 8 de março fosse declarado como o Dia Internacional da Mulher, homenageando as tecelãs de Nova Iorque. Em 1911, mais de um milhão de mulheres se manifestaram na Europa. A partir daí, essa data começou a ser comemorada no mundo inteiro.
Um pouco de história não faz mal a ninguém, e de reflexão também não. Que hoje votos sinceros sejam feitos. Abster de comentários inúteis é a melhor alternativa para quem não faz a menor idéia do quão importante é o dia de hoje.
Sortuda que quem, assim como eu, recebeu votos verdadeiros e ternuras que me dobraram em flor; mesmo com tanta asneira por ai. Ainda me restam pessoas doces. Teimosa, eu! Diria mais: teimosas, nós doces! Reclama não ouvido, chora não coração. São apenas homens... Amém!
terça-feira, 6 de março de 2007
“Sol, girassol, vejo o vento solar
(Lô Borges – Girassol da cor de seu cabelo)
sexta-feira, 2 de março de 2007
Todas as portas e janelas abertas. Tão casualmente como uma idéia pequena e muitas pretensões... Deixa entrar o vento da ternura nova, deixa se desfazer as horas em uma contagem regressiva interminável, que não se pode evitar. Deixa o anjo sorrir e pular do arranha-céu. A escolha duvidosa entre permanecer no plano etéreo ou se entregar ao mundo dos reais. Deixa o acaso falar, quando eu quero ouvir...
Mais ou menos assim óh: Gavin DeGraw - Chariot
quinta-feira, 1 de março de 2007
segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007
Eu respondo!
O que lhe falta para ser menos infeliz? Drummond diria que, por vezes, pensou que falta fosse ausência, e um dia descobriu que não, e mais, ausência é o que ele carrega sempre. É... Poderia ser, mas no seu caso, não é. Não ligue para o que Drummond diz, por teimosia e pela falta de educação mesmo. Não dê a mínima... Porque essa ausência desmedida, que também tens, não é o que lhe faz infeliz.
(In)feliz. Mera questão de prefixo, parafraseando um certo perfil orkutiano. Eternos ciclos que a cada dia se tornam mais freqüentes. Você morreu no domingo, vagou pelo incerto segunda, terça e quarta. Quinta às 00:01 virou cinza e pó, espalhou-se ao vento e renasceu a mesma, nem melhor, nem pior como de costume. Se sente Deus? Para morrer e renascer assim, ao terceiro dia?! Bem, a questão toda não passa de teimosia. Até que um dia se canse de morrer ou de se matar por coisa qualquer. Mas negar? Renegue a quase tudo ou ao que, realmente, lhe faz falta. Já negaceou tanto, que mais uma vez não faria a menor diferença. Lembre-se da magnitude das palavras com prefixos. Com elas, você tem a liberdade de ser os dois significados... Uma lástima que, agora, não consigo fazer algum neologismo referente à palavra passional. Esta é a uma das únicas palavras que lhe descrevem e que infelizmente não possui prefixos. Oxe! Fique feliz...
Estive pensando nisso: passionalidade. A pergunta não é bem essa, mas se me permite reformular... Seria o tal motivo que lhe deixa infeliz, ser passional? Se for, tenho a solução para seus problemas por apenas uns discos de rock melódico medíocre, um Wellaton preto azulado, correntes, roupas rasgadas e unhas pretas. Procure arrumar um namorado emo! Ele vai te entender, melhor até mesmo do que eu... Sempre que você vier com suas metáforas de jardins, flores, passarinhos e blábláblás, o carinha certamente irá lhe contar das novidades do Good Charlotte ou do Simple Pan. Nessa hora, certamente você pensará: “Como eu sou feliz!”. Infame eu! Desculpe-me, mas não custa sorrir...
Luiza, procure limpar seus espelhos... O que vês está cada vez pior devido à poeira. Dãm. Espelhos são traiçoeiros. Seus sapos, seus castelos, seus príncipes encantados são o que os espelhos lhe mostram: uma imagem reflexa adulterada. Não diga que não sabia, e nem aceite meu conselho de negacear neste caso.
Enfim... Fique bem, tome seu remédio todos os dias, leve sempre blusa de frio para a faculdade e não deixe escapar suas projeções. Elas são verdadeiramente o que lhe faltava para arrancar o prefixo in.
“Do sonho de eterno fica esse gozo acre na boca ou na mente, sei lá, talvez no ar.”
Beijos, moça com a flor empunhada nas mãos.
Bira.
sábado, 24 de fevereiro de 2007
quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007
(Carlos Drummond de Angrade)
É sempre no passado aquele orgasmo,
é sempre no presente aquele duplo,
é sempre no futuro aquele pânico.
É sempre no meu peito aquela garra.
É sempre no meu tédio aquele aceno.
É sempre no meu sono aquela guerra.
É sempre no meu trato o amplo distrato.
Sempre na minha firma a antiga fúria.
Sempre no mesmo engano outro retrato.
É sempre nos meus pulos o limite.
É sempre nos meus lábios a estampilha.
É sempre no meu não aquele trauma.
Sempre no meu amor a noite rompe.
Sempre dentro de mim meu inimigo.
E sempre no meu sempre a mesma ausência.
quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007
A boca aberta da última noite de samba trancou-me no éden temporariamente aberto que agora urge ser fechado. O único instante de abertura jogou-me ao abismo. Castelos arruinados.
Vomitado na cama, meu corpo lembra do antes lido: “É o amor e não a vida o oposto da morte” *. Na quarta-feira, sou sangue coagulado, cinza e nada. Sou pó a me juntar às sombras da noite que gritam, ensurdecendo-me, que é o amor e não a morte o oposto da vida.
*Frase daqui: http://www.corraeolheoceu.blogger.com.br
segunda-feira, 19 de fevereiro de 2007
Conto do velório
domingo, 18 de fevereiro de 2007
Post it a Deus
Quantas faces verdadeiras se escondem por trás de fantasias neste baile? Quantos véus mais serão necessários retirar para encontrar o verdadeiro rosto?! São tantos e tão volumosos, perde-se. Quando avista olhos por trás de tanto pano, o toque não se faz presente. Tanto pano. Tantos olhos encobertos. Não desejar sentir o toque se não vir os olhos e almejar panos mais leves e mais claros seria como a infelicidade de negar uma dança. Apenas mais um desejo a construir o caminho principal; as corromper torrentes que afastam do fluxo certo. Ser guache, vestir-se normal em baile à fantasia. Ao menos uma face verdadeira: quimera...
sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007
quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007
segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007
Ela saiu dos trilhos por anos (ou nunca tivera trilhos?). Vê-se com clareza: Ela não sonhava, ela delirava, a princípio. Excluía o outro, ou quase se excluía dos outros. Não havia necessidade de comprovar sua convicção a realidade, não se preocupava em fundamentá-la nem para si, nem para os demais. A idéia delirante brotava-lhe como um mundo novo, incrustada no velho interior, mesmo sendo autônoma dele. Ela saia dos temidos trilhos e almejava entender os porquês. Graças. Confrontada paradoxalmente com uma argumentação racional e lógica ao ritmo cardíaco acelerado do novo, ela se deixou convencer. Não alcançando (in) felizmente o caos completo; vê-se que ela não delirou, muito menos foi corrompida por uma idéia delirante. Desconfia-se que tudo não passou de uma formação deliróide, uma vida inteira. Era apenas uma formação deliróide e agora, ela está quase livre, quase...
Seja bem-vinda aos novos trilhos.
sábado, 10 de fevereiro de 2007
sexta-feira, 9 de fevereiro de 2007
Psiu. Shiiiiih...
Silêncio.
quinta-feira, 8 de fevereiro de 2007
Chove. Que fiz eu da vida?
Fiz o que ela fez de mim...
De pensada, mal vivida...
Triste de quem é assim!
Numa angústia sem remédio
Tenho febre na alma, e, ao ser,
Tenho saudade, entre o tédio,
Só do que nunca quis ter...
Quem eu pudera ter sido,
Que é dele? Entre ódios pequenos
De mim, estou de mim partido.
Se ao menos chovesse menos!
(F.Pessoa, 23-10-1931)
Almas gêmeas, besteira!
Marina às sete da manhã.
quarta-feira, 7 de fevereiro de 2007
segunda-feira, 5 de fevereiro de 2007
(Deveria ter sido assim...)
J., C., R. e F. (00:00 – 04/02/2007): - É big, é big, é big. É hora, é hora, é hora. Rá-tim-bum.
M.: - Ah, para quê se faz anos?
R.: - Para morrer, ué.
(Realmente...)
W.: - Continue uma mulher incrível.
(Triste é quando se perde a percepção de certas coisas... Às vezes, me odeio.)
M.: - Mais uma margaridinha...
V.: - O jardim é mais bonito todo florido.
T.: - A data da saída do casulo. (...) Entrépida Borboleta como centro do universo...
(Amém!)
Victor Hugo: “Nos olhos do jovem, arde a chama. No dos Velhos, brilha a luz.”
A.: - Ultimamente, desejo à todos uma coisa só: Amor, um grande amor.
M.: - Não, não. Obrigada.
(A fala de M. não aconteceu, mas foi cogitada.)
P.P.: - Pra você? Desejo um – está me ouvindo? – um só, ouviu?
M.: - Tomarei jeito esse ano, te prometo!
(A fala de P.P. será anotada no caderno para poder ser vista todos os dias.)
Miguel Torga: “Mais um ano. Mais um palmo a separar-me dos outros, já que a vida não passa de um progressivo distanciamento de tudo e de todos, quase a morte remata.”
H.: - Hoje sou fogo de artifício brincando de estrela no céu, sou as bolhinhas do champagne, o dedão furtivo no recheio do bolo - lambida esquiva... sou cheiro de festa exalando das flores. Sou a fé derramada sobre os pedidos da vela apagada, a esperança emprestada... sou travessura encantada. Sou música que atravessa o salão em rodopios... pra sorrir em volta de ti. (...)
(“Deus está nos detalhes.”)
M. (23:59 – 04/02/2007): - Últimos segundos dessa década. Resultado da autópsia: um estômago cheio de poesia e um coração com o dobro do tamanho. Adeus, pitititinha. Hora das honras e homenagens. Trás a tesoura, “corta aqui oh”, para amanhã nascer mais e melhor, bem melhor...
sábado, 3 de fevereiro de 2007
De longe se pode ver a espreita da oportunidade única. Como se comunicar imparcialmente quando se tem nas mãos um sentimento que não está com cara de que vai passar como essa chuvinha veranista?! Palavras... Palavras... Palavras. Antes não saber o que é, para não ser tentada a falar sobre. Queria ter a petulância de fazer poesia, seria mais fácil e menos constrangedor. Coração leviano. E eu que queria tanto, que tentei tanto e com tantos, encontrar o que agora sinto por alguém que nunca saberá (ou já sabe, ou não quer saber, ou alguma coisa que eu também não sei).
sexta-feira, 2 de fevereiro de 2007
No auge de meu feminismo e indignação, resolvi procurar o significado de confiança:
Definição de confiança*:
s. f.,
segurança e bom conceito que se faz de alguém; convicção do próprio valor; firmeza de ânimo; crédito; intimidade, familiaridade;
pop.,
atrevimento;audácia;insolência.
“Atrevimento, audácia, insolência”. Está tudo explicado. Faz sentido como as pessoas atualmente têm se comportado. Confiar em alguém (especialmente em charmosos pares de calças) virou a maior audácia de todos os tempos. Mulheres insolentes que ainda conseguem fazer árdua tarefa. Dificílimo definir quem é o culpado quando a confiança se transforma em desconfiança. Gramaticalmente um prefixo apenas que molda toda uma conduta. Confiar em partes seria a solução? Categorizar as pessoas. Confio em José nisso, mas para aquilo não. Já João só serve para isso...
Fácil pensar assim. Confiar desconfiando que a qualquer hora virá uma decepção. Pior ainda quando é negada uma ajuda. Diploma na parede não engrandecerá indivíduo algum, ser chamado de Doutor. Médicos! Deveria odiá-los mais do que aos homens. Ainda mais se forem doutores deste tal gênero. Arght! A arrogância de confiar no saber, “convicção do próprio valor”. Céus! Que valor? Valores que fazem desconfiar que ao dar uma palavra amiga, um ombro, ou apenas escutar seria se expor, se colocar no mesmo patamar. Deve existir alguma matéria acadêmica que explique tal autoconfiança exacerbada, afastando até mesmo os bons amigos.
Ah bons amigos que podemos confiar. O que seria confiar por sua vez?
Definição de Confiar*:
. tr.,
entregar com segurança alguma coisa a alguém;dar em depósito;dar a saber, comunicar;transmitir;
v. int.
,ter confiança em;acreditar;ter esperança;
v. refl.,
fiar-se;entregar-se.
"Entregar-se com segurança, comunicar". Gramaticalmente fácil. Não sei se me revolto contra o português ou se isso seria apenas mais uma faísca para essa revolta contra esses projetos de homens. Confiar. Palavra vinda da expressão “ter fé”. Apelaremos para reza para ver se algum dia esses seres estranhos melhoram ou que honremos toda a queima de sutiãs e paramos de chorar por umas peças dessas. Ah faça-me o favor...
*Definições por Língua Portuguesa On-Line (http://www.priberam.pt/dlpo)
Obs:Não odeio os homens assim, ao contrário. Tenho fé que vou encontrar um serzinho abençoado... mas, por favor, não mexam com minhas amigas confiáveis, porra!
quinta-feira, 1 de fevereiro de 2007
“Marina morena Marina você se pintou”
Fiz um esboço de tudo o que não entendo e talvez nunca entenderei guardei na mala e fui... Hoje volto com a tranqüilidade de entender que não entendo ou nunca vou entender. O medo era um presságio das proporções que os sentimentos tomariam. Lutar contra ou a favor, não mais importa. Não são rosas, nem tiriricas ou capim, mas talvez seja uma nova qualidade de flor ainda não catalogada. Uma jardineira de primeira viagem, não mais... Volto com a companhia de Drummond, que zombou da minha inexperiência, mas escutou atentamente meus lamentos poéticos e sorriu com minha identificação com cada versinho romântico. O que o álcool e a noite não fazem? Comovida como o Diabo, percebi que quis errar, mas dessa vez acertei em cheio. Entender isto, sim é complicado e não acabou, por enquanto. Ao menos consegui dormir... Sonhar não era preciso. Bastava-me dormir. E isso, eu consegui! Volto repleta de mim e feliz, com o auto-retrato mais realista já feito...
domingo, 21 de janeiro de 2007
Aos merecedores: sorrisos
A maior dádiva para o “sorridente” seria continuar a fazê-lo após algumas experiências frustrantes e seguir sem deixar que a indelicadeza consuma com a delicadeza de tal gesto. Sorrir sem pretensões é um dom, e como todo dom poucos conseguem possuí-lo. Resta somente aos “distraídos sorridentes” continuarem a busca da delicadeza, por mais que árdua e solitária que ela seja. Resta-lhes também não temer pelos sorrisos escassos, assim como desanuviar os pensamentos dos porquês em questão.
Nessa busca incessante de correspondência, os amigos sorridentes se perderiam caso depositassem seus sonhos e/ou expectativas nos distraídos merecedores de sorrisos. Surge desta busca (tanto pelos “sorrisos-reflexos”, quanto dos porquês dos “não-sorrisos-reflexos”) um questionamento: seguir o caminho sorrindo; ou desfazer lentamente o sorriso, virar-lhes as costas e pensar se tal busca é realmente válida.
Manter-se no caminho sorrindo desesperadamente poderia ser uma estupidez tamanha e os ganhos viriam da insistência, que claramente não possui créditos. Então, fica imposto o segundo caminho. Pensar, pensar e repensar, tendo como companhia outros não correspondidos. No fundo, a esperança sempre irá fazer companhia e com sua preciosa ajuda as respostas surgirão. Basta ter calma suficiente para deixá-las surgir naturalmente e se possível (mesmo sendo improvável) não interromper os esboços de sorrisos necessários à maquiagem de cada dia.
Ah, algum dia. Em algum dia, alguém lhes sorrirá antes mesmo de esboçarem qualquer gesto delicado com os lábios. É realmente uma pena que, por ora, as reflexões fazem os músculos ficarem enrijecidos. Ah... uma pena!
Obs.: Afasto-me desse mundo que eu criei. Sigo em busca da paz merecida na esperança de algum dia ser merecedora dessas gentilezas...
quarta-feira, 17 de janeiro de 2007
parece que vai ser nós dois até o final”
Essa ausência desmedida, punição divina. Deixando-me em comunhão com pior dos sentimentos. Medo. Meio sorriso para esconder o que por dentro está tomado por ele. Chego a ter medo até mesmo de temer. Adiantaria não ter? Temeria da mesma maneira. Reluto enquanto posso. É mais forte. É o mais forte... Ausência, silêncio angustiante.
Pego-me relutando em não pensar e penso... Ah, comédia de final trágico. Ausência de quê, Deus? Não tive nada, não pude ter nada. Esse manipulador aí de cima deve ter tanta raiva de mim... Nada justifica. Justificar o que, Deus? Nem vivências eu tive. Os relógios pararam daquela tarde que dura os restos dos dias até essa maldita noite. Cala-me, por favor. Aquieta-me o espírito. Dê-me um pouco mais, Senhor. Dê-me entendimento... O que silencia a angústia, eu não entendo. Eu não vou entender. Eu tento. Eu tento. Eu tento. Amém.*
* perdoe-me Dona Lispector...
terça-feira, 16 de janeiro de 2007
Free and free
segunda-feira, 15 de janeiro de 2007
Carta a minha consciência
Minha cara Consciência, analiso cada detalhe e vejo que queres desprender-se de mim lentamente. Por que fazes assim? Assumo que em nossa relação passional resolvi tantas vezes não ouvir o que dizia, mas assim o fiz para amenizar seus efeitos. Não! Não diga que sempre fui passional e teimosa. Não adiantaria mesmo, nunca assumiria isso para você (ou para ninguém). Mas diga-me, também partilha de tal sentimentalismo como o meu, não é? Então porque me abandona tão lentamente? Chega de coisas pequenas. Caso seja para me abandonar, que assim o faça de uma vez. Nada mais de dar voltinhas em torno do acaso, deixando-me assim... digamos, confusa. Não vale a pena, desprender-se de mim somente às vezes. Ou fica por aqui ou pula fora. Um ultimato vindo de mim, não é a coisa mais válida que poderia fazer, assumo. Mas é o que deve ser feito, por ora.
Acaso? Por um acaso me enchi de sorrisos, vesti aquele vestido rodado e excedi os limites do aceitável. Lutar contra (ou a favor de você) está sendo doloroso. Penso que, deveria lhe entregar suas coisas, pegar a tesoura e cortar esse fio que ainda me liga a você, minha querida Consciência. Talvez devesse aceitar sem lutar/sem sofrer essas noites pensativas, essa embriagues repentina de tudo o que me faltava. Momentos, nos quais, você simplesmente some, deixando-me com minha coisa estranha (e ao mesmo tempo maravilhosa) que não sei mencionar como é (talvez por não saber, ao certo, o que é; ou por medo de entregar-me ao incerto que tem domínio sobre mim). Deveria aproveitar tais momentos de sua ausência e trancar-te do lado de fora. Seria muito precipitada se o fizesse? Talvez... Essa passividade me rende coisas que você não tem rendido. Bastava-me uma noite de sua companhia para relembrar como é bom ter a cabeça (ou o coração?) no lugar. Assim como me bastam sorrisos, mesmo que utópicos.
Digo que estou absurdamente consciente de tudo, de suas ausências, de sua presença repentina. Mas confesso... Apaixonei-me pela loucura. Agora não há mais espaço para vocês duas aqui dentro. Tal decisão cabe (mesmo não cabendo...) a eu tomar. Sendo assim, está dado o ultimato. Vamos ao litigioso ou conseguimos uma separação amigável?