segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Sentada para jantar, ela sonhava. Revirando os talheres, ela imaginava que cada folhinha fazia par com as bolotinhas de ervilha. E de trás do arroz saiam fiapinhos de soldados com suas metralhadoras de alegria... No banquete dela, não dava a mínima para os pratos que viriam, ah, e viriam muitos. O que ela queria mesmo era a sobremesa: docinhos coloridos. Sentada, ela sonhava com coisas simples mesmo frente aquele banquete festivo. Ela deixava-se inundar pelo cheiro de coisa boa de criança que vinha do pertinho. Ela sonhava e se enchia de alegria... e via, lá no teto, um arco-íris forjado pela luz que furava o lustre de cristal. Neste instante, ela descobriu, sem querer, seu caleidoscópio... e ele vinha com sabor novo, sabor de criança sem malícia, sabor de querer por gostar, sabor de bolotinhas de ervilhas velhas que adorariam fazer par com alfaces novinhas.

- Caleidoscópio sinestésico, misture-me. Absorva-me em suas cores. Prova-me seus amores.

2 comentários:

Fabrissa Valverde disse...

AMÉM!

xyz disse...

Que saudade de passar por aqui "de me misturar, de ser absorvida por suas suas cores e de tentar provar teus amores através das tuas palavras ..."
Pelo jeito terei um pouco de trabalho pra por minha leitura em dia ... mas será um prazer ...
Belo texto.
Abraço.
Elis.