segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

Um e-mail e um eterno escreve e apaga para responder uma pergunta simples: “O que te falta para ser menos ‘infeliz’, Luiza?”.
Eu respondo!


O que lhe falta para ser menos infeliz? Drummond diria que, por vezes, pensou que falta fosse ausência, e um dia descobriu que não, e mais, ausência é o que ele carrega sempre. É... Poderia ser, mas no seu caso, não é. Não ligue para o que Drummond diz, por teimosia e pela falta de educação mesmo. Não dê a mínima... Porque essa ausência desmedida, que também tens, não é o que lhe faz infeliz.

(In)feliz. Mera questão de prefixo, parafraseando um certo perfil orkutiano. Eternos ciclos que a cada dia se tornam mais freqüentes. Você morreu no domingo, vagou pelo incerto segunda, terça e quarta. Quinta às 00:01 virou cinza e pó, espalhou-se ao vento e renasceu a mesma, nem melhor, nem pior como de costume. Se sente Deus? Para morrer e renascer assim, ao terceiro dia?! Bem, a questão toda não passa de teimosia. Até que um dia se canse de morrer ou de se matar por coisa qualquer. Mas negar? Renegue a quase tudo ou ao que, realmente, lhe faz falta. Já negaceou tanto, que mais uma vez não faria a menor diferença. Lembre-se da magnitude das palavras com prefixos. Com elas, você tem a liberdade de ser os dois significados... Uma lástima que, agora, não consigo fazer algum neologismo referente à palavra passional. Esta é a uma das únicas palavras que lhe descrevem e que infelizmente não possui prefixos. Oxe! Fique feliz...

Estive pensando nisso: passionalidade. A pergunta não é bem essa, mas se me permite reformular... Seria o tal motivo que lhe deixa infeliz, ser passional? Se for, tenho a solução para seus problemas por apenas uns discos de rock melódico medíocre, um Wellaton preto azulado, correntes, roupas rasgadas e unhas pretas. Procure arrumar um namorado emo! Ele vai te entender, melhor até mesmo do que eu... Sempre que você vier com suas metáforas de jardins, flores, passarinhos e blábláblás, o carinha certamente irá lhe contar das novidades do Good Charlotte ou do Simple Pan. Nessa hora, certamente você pensará: “Como eu sou feliz!”. Infame eu! Desculpe-me, mas não custa sorrir...

Luiza, procure limpar seus espelhos... O que vês está cada vez pior devido à poeira. Dãm. Espelhos são traiçoeiros. Seus sapos, seus castelos, seus príncipes encantados são o que os espelhos lhe mostram: uma imagem reflexa adulterada. Não diga que não sabia, e nem aceite meu conselho de negacear neste caso.

Enfim... Fique bem, tome seu remédio todos os dias, leve sempre blusa de frio para a faculdade e não deixe escapar suas projeções. Elas são verdadeiramente o que lhe faltava para arrancar o prefixo in.

“Do sonho de eterno fica esse gozo acre na boca ou na mente, sei lá, talvez no ar.”

Beijos, moça com a flor empunhada nas mãos.


Bira.

sábado, 24 de fevereiro de 2007

Desconfio que eu sou egoísta e sempre serei à contragosto. Minhas andanças entre os ares do que gostaria que fosse, termina com o que eu realmente não poderei ser. Eu saberia dizer sobre o que eu (talvez) não vou ser, se não sei porque sou? Hoje desconfio que sim. Não saber se algum dia eu irei dar frutos, basta-me para me arrastar ao chão, mesmo com o olhar solidário dizendo que ficará tudo bem. Eu sei que não ficará, e o “tudo bem” pareceu-me uma piada. Acho que sou, acho que é. E o que hoje, se desconfia ser um aglomerado que se multiplica desesperadamente poderá ironicamente impedir a minha multiplicação amanhã. A flor póstuma a crescer dentro de mim e as coisas ficarão bem? Tragi-cômico. Como podem ficar bem se, agora, elas não estão? E logo agora. O grande manipulador anda distraído demais. Saber que posso não ser. Ser nada nunca, e os meus nadas não servirão para o que lhes era destinado a ser. O canteiro encantado não passará de um jardim seco. Ser predestinada a colecionar porta-retratos vazios, bela surpresa! Não tenho sonhado muito em criar esboços saltitantes, mas confesso que a possibilidade de não fazê-lo me assusta, e assusta muito... O instinto natural do feminino, que antes não se fazia presente, hoje exala devido ao que me está por vir, nesse caso, ao que não está por vir. Os médicos deveriam parar de disparar olhares de conforto e começar a pesquisar os porquês de um esboço não poder nunca chegar à pintura merecedora de cópias. Quem serei eu, se não puder ser além de mim? Desconfio que não vou passar de um rabisco.

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007

O enterrado vivo
(Carlos Drummond de Angrade)

É sempre no passado aquele orgasmo,
é sempre no presente aquele duplo,
é sempre no futuro aquele pânico.

É sempre no meu peito aquela garra.
É sempre no meu tédio aquele aceno.
É sempre no meu sono aquela guerra.

É sempre no meu trato o amplo distrato.
Sempre na minha firma a antiga fúria.
Sempre no mesmo engano outro retrato.

É sempre nos meus pulos o limite.
É sempre nos meus lábios a estampilha.
É sempre no meu não aquele trauma.

Sempre no meu amor a noite rompe.
Sempre dentro de mim meu inimigo.
E sempre no meu sempre a mesma ausência.

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007

Na última noite de samba, encontrei-me na boca aberta da noite. Boca que me mastigava, engolia-me, regurgitava-me. Senti seus dentes cortar-me, fragmentando o que antes foi porcamente juntado e colado. Usurpou-me o que movia, rasgou-me o peito. Cuspiu o que restava do meu corpo na cama a sentir as "novas-velhas" dores.

A boca aberta da última noite de samba trancou-me no éden temporariamente aberto que agora urge ser fechado. O único instante de abertura jogou-me ao abismo. Castelos arruinados.

Vomitado na cama, meu corpo lembra do antes lido: “É o amor e não a vida o oposto da morte” *. Na quarta-feira, sou sangue coagulado, cinza e nada. Sou pó a me juntar às sombras da noite que gritam, ensurdecendo-me, que é o amor e não a morte o oposto da vida.

*Frase daqui: http://www.corraeolheoceu.blogger.com.br

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2007

Conto do velório

Domingo. Não se sabe os porquês de existir o dia de domingo. O mundo pára. A rua pára. A casa pára. E ela também quis parar. Consciente do que estava por vir, se vestiu, se maquiou e caminhou até o orquidário. Os olhos assustados dos demais moradores da casa a perseguiam, mas ela firme seguia em busca da flor. Pegando-a, voltou ao seu quarto. Trancando-se no seu mundo, ela retirou os lençóis da cama, retirou o colchão. Defuntos não precisam de conforto, ela pensava. A cama em madeira pura agora estava pronta para recebê-la. Ela ascendeu duas velas, uma em cada ponta da cama e deitou-se. Cruzou as pernas, juntaram-se as mãos ao mesmo tempo em que seguravam a orquídea laranja. Assim ela permaneceu, sem esquecer do sorriso póstumo de paz.
Passaram alguns minutos e subiram os irmãos para convidá-la para o almoço. Seus olhos estavam serrados, mas ela podia ver; eles estavam pasmos com a cena. Chegaram a aproximar dela e chegar a pulsação. Estava tudo em paz... Eles não entendiam. Ouviram-se passos rápidos e a chegada dos pais. A mãe, coitada da mãe, desabou acreditando realmente que aquilo se tratava de um velório. Ver um filho morrer, não é para qualquer um e essa mãe mais louca do que a moça pela primeira vez não entendeu o cunho da história e repetia insistentemente para que ela se levantasse dali. O pai, com o humor mais parecido com o da moça, foi logo soltando uma gargalhada. Ria, sabe-se lá se pela situação toda ou pela sensação de que, ela estava fazendo algo que ele sempre quis fazer, mas ser “o pai de família” não permitia. O pai ria, a mãe chorava e os irmãos estáticos. A mãe então resolve sentar ao lado da menina e conversar. Perguntava a pobre o porque de estar ali, parecendo uma defunta. A mãe não entendia. A garota era uma defunta e resolveu se velar, para tentar conseguir pelo menos alguns minutos de paz e seria inútil sair daquela situação de paz (inventada, mas de paz) e responder as questões da velha senhora. O pai sensato (ou mais louco do que a garota) pegou a mãe pelos braços e tentou explicar, com recursos lingüísticos escassos pelo susto, o que aquilo significava. Ele conseguia dizer somente que ela precisava ficar ali. E ela realmente precisava ficar ali.
Então, os atrevidos penetras de velório resolveram descer e almoçar como uma família normal faz dia de domingo. Depois de passar a tarde toda sem pensar em nada, só ouvindo vez ou outra, uma voz lá dentro dizendo que ela precisava agora inventar seu renascimento; ela resolveu se levantar... E sem saber os porquês dos domingos, ao menos ela sabe o que fazer para escapar da angústia de ter que vivê-los. E renascida, levantou-se e foi cantarolar pela casa “Quem vai pagar o enterro e as flores se eu me morrer de amores?”.

domingo, 18 de fevereiro de 2007

Post it a Deus

Exorcize essa angustia que me consome. Cega-me. Rouba-me o cais. Queime meus navios. Rasga-me o peito. Tira-me a claridade do dia, deixe-me com as sombras da noite. Leva-me, usurpe meus pensamentos. Faça-me racionalizar. Faça que meu sangue erre de veia de vez. Coagula-me... Junte os pedaços a fim de fragmentar-me novamente. Revire minhas gavetas. Exponha meus retratos. Fure meus discos. Corte meus cabelos. Dá-me ilusão, mas não me faça calar a primavera...

"I tried to find the logic logically.

I had a dream and I could not shake it.

I was standing up there naked."





Quantas faces verdadeiras se escondem por trás de fantasias neste baile? Quantos véus mais serão necessários retirar para encontrar o verdadeiro rosto?! São tantos e tão volumosos, perde-se. Quando avista olhos por trás de tanto pano, o toque não se faz presente. Tanto pano. Tantos olhos encobertos. Não desejar sentir o toque se não vir os olhos e almejar panos mais leves e mais claros seria como a infelicidade de negar uma dança. Apenas mais um desejo a construir o caminho principal; as corromper torrentes que afastam do fluxo certo. Ser guache, vestir-se normal em baile à fantasia. Ao menos uma face verdadeira: quimera...

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007

Não vês? A luz que incide sobre o cristal libertando
as sete cores para pintar as sete mil delicadezas...
Não ouves? Toca La valse d’Amèlie.
Pegue-me pelas mãos e dancemos.
A grande valsa suspira por nossos passos, não vês...



Vá! Torna-me banca de flores sem saber...

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007

Aproxima-se mais um carnaval, época de faz-de-conta. Tempo que as pessoas esquecem suas pequenas tragédias de lado e vão sambar. E mesmo com a minha reprovação, algo aqui dentro está a sambar. Dançando e cantando marchinhas, dando cambalhotas e se afastando cada vez mais do que era (ou se aproximando de tudo o que eu um dia desejei). Tive um sonho carnavalesco, com direito a mestre-sala e porta-bandeira meses antes do feriado propriamente dito. Bela roda de samba que deixou um rastro de saudade, um insuportável cheiro na memória e o infame molejo nos pés do que mora aqui dentro. Agora, eu que tanto neguei que sambaria novamente, sambo. Mas sambo sem música, sem estandarte... Sem mestre-sala. Faço companhia ao que zabumba esse coração e molejo sozinha porque é (e será por um bom tempo) época de faz-de-conta. Época de fazer de conta que não amo este samba e fechando os olhinhos pedir para que o inevitável desejo continue a sambar!

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

“Can’t you see that it’s just raining

There ain’t no need to go outside

Ain’t no need, ain’t no need

Can’t you see, can’t you see

Rain all day and I don’t mind







Ela saiu dos trilhos por anos (ou nunca tivera trilhos?). Vê-se com clareza: Ela não sonhava, ela delirava, a princípio. Excluía o outro, ou quase se excluía dos outros. Não havia necessidade de comprovar sua convicção a realidade, não se preocupava em fundamentá-la nem para si, nem para os demais. A idéia delirante brotava-lhe como um mundo novo, incrustada no velho interior, mesmo sendo autônoma dele. Ela saia dos temidos trilhos e almejava entender os porquês. Graças. Confrontada paradoxalmente com uma argumentação racional e lógica ao ritmo cardíaco acelerado do novo, ela se deixou convencer. Não alcançando (in) felizmente o caos completo; vê-se que ela não delirou, muito menos foi corrompida por uma idéia delirante. Desconfia-se que tudo não passou de uma formação deliróide, uma vida inteira. Era apenas uma formação deliróide e agora, ela está quase livre, quase...
Seja bem-vinda aos novos trilhos.

sábado, 10 de fevereiro de 2007

Tenho a clareza de quem está para morrer e a angústia do nada saber de quem está a pouco por aqui. Dessa linha tênue entre a vida e morte, entre a quimera e a realidade é que faço meus dias. Dias engajados em uma única árdua tarefa, conviver com o que eu verbalizo. Essa minha prolixidade resultando em nada. O desejo de escrever sobre o amor ainda permanece. Não o amor de beijinhos no portão, cinema às 16hs ou de medo de pai, mas o amor das cantigas de Tom e Vinicius, dos poemas de Drummond e sonetos de Pessoa. Quero cantar sobre o beijo esquecido, os carinhos guardados, os olhos encantadores e encantados. Não preciso que sejam reais minhas cantigas, nem tão delicadas minhas palavras; queria somente escrever um poema de amor sincero. Não só de amor simples e rotineiro, mas desse amor-quimera que eu guardo. Quero fazer viver esse sentimento no papel de um jeito que outros apenas leiam, desejando sentir a doçura do que eu amo. Mas eu não escrevo. A linha tênue pende cada vez mais para o nada e minhas palavras não ecoam.
Os ouvidos pedem:
"And as I lay me down tonight,
I close my eyes, what a beautiful sight
Sleeping to dream about you
And I'm so tired of having to live without you
But I don't mind.
Sleeping to dream about you and I'm so tired"

(Jason Mraz - Sleeping to dream)

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2007

Escrevo porque continuo sem entender.Teimo em continuar a escrever para que os fatos façam sentindo. Quero escrever algo sobre o concreto e tudo o que sai são rabiscos. Deveria parar de escrever e desenhar. Teria mais habilidades com o pincel do que com a caneta, às vezes penso. O abstrato do pincel seduz, as palavras soltas no papel não. Mas prefiro o que não tem sentido, o que não seduz, minha realidade inventada que emerge no papel. Escreve, vai! Escreve, morena! Esvazia logo esse coração...


Psiu. Shiiiiih...
Silêncio.
O corpo moreno afunda.

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2007

Chove. Que fiz eu da vida ?


Chove. Que fiz eu da vida?
Fiz o que ela fez de mim...
De pensada, mal vivida...
Triste de quem é assim!

Numa angústia sem remédio
Tenho febre na alma, e, ao ser,
Tenho saudade, entre o tédio,
Só do que nunca quis ter...

Quem eu pudera ter sido,
Que é dele? Entre ódios pequenos
De mim, estou de mim partido.
Se ao menos chovesse menos!


(F.Pessoa, 23-10-1931)



Almas gêmeas, besteira!

Marina às sete da manhã.

Minha alma gêmea esteve tão perto essa manhã. Coisa de engarrafamentos e trânsito pesado do centro, enquanto eu e meu humilde possante, estávamos atrás da minha alma gêmea. Um ser imponente com seu cigarro em seu possante não tão humilde, quanto o meu. Em quais ruas ela estaria vagando até parar ali, naquele sinal às sete da manhã? Surpresa boa seria se seus caminhos fossem os mesmos que os meus. E aparentemente eram, mesmo que figurados. Acelerando para não perdê-lo de vista, ultrapassando outros possantes e alguns velhos pensamentos, esperando parear no próximo sinal. Ah, essa alma gêmea caberia exatamente para esse momento. Pena que ela não via que eu estava ali, pertinho, no carro de trás. Fecha sinal. Vai sinalzinho, fecha?! E o sinal fechou... o carro pareou. Do lado de lá, um cigarro nas mãos, óculos escuros e um sorriso estonteante. Do lado de cá, um olhar acanhado e um sorriso tímido. Não acredito, um belo sorriso foi respondido por um sorriso tímido. Tarde demais, o sinal abriu. Eu virei a direita. Ele arrancou. Então eu voltei para minha busca real por minha (próxima) alma gêmea, enquanto esta alma gêmea momentânea seguiu seu caminho... Como todas as outras.

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2007

Uma sala de visita de um hospital. Nosso lugar secreto. Nosso divã improvisado. Eu acendo um cigarro imaginário e trago-o juntamente a cada palavra deliciosa que vem ao meu encontro.Três mulheres unidas por uma magia. Olhares admirados com tanto devaneio. Três mulheres diferentes, três Marias em comunhão. Três ciganas dançando em meio a paredes e corredores pálidos. Três mulheres brincando de ser feliz. Ah, mágica tarde em um lugar improvisado. Mesmo com tanta dor, a doçura de saber sorrir... A tarde caiu sem perceber e ficará para sempre emoldurada. Amigas. Improvisadas amigas. Confiáveis amigas no nosso divã “Life Center.”

"Diga aí amigo... Como vai você??
Estou aqui contigo
Você também me vê
Às vezes sou seu clone e você é o meu
Não temos o mesmo nome
Mas nossa vida se perdeu
Em encontros e desencontros
Do mesmo sopro
Que atravessa eu e você
Se estou contigo
É porque estás comigo
E nós não podemos nos perder "
(Moska - Reflexos e Reflexões)

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2007

A. M. (11:55 – 04/02/1987): - Vai, Marina! Ser gauche na vida.
(Deveria ter sido assim...)

J., C., R. e F. (00:00 – 04/02/2007): - É big, é big, é big. É hora, é hora, é hora. Rá-tim-bum.

M.: - Ah, para quê se faz anos?
R.: - Para morrer, ué.
(Realmente...)

W.: - Continue uma mulher incrível.
(Triste é quando se perde a percepção de certas coisas... Às vezes, me odeio.)

M.: - Mais uma margaridinha...
V.: - O jardim é mais bonito todo florido.

T.: - A data da saída do casulo. (...) Entrépida Borboleta como centro do universo...
(Amém!)

Victor Hugo: “Nos olhos do jovem, arde a chama. No dos Velhos, brilha a luz.”

A.: - Ultimamente, desejo à todos uma coisa só: Amor, um grande amor.
M.: - Não, não. Obrigada.
(A fala de M. não aconteceu, mas foi cogitada.)

P.P.: - Pra você? Desejo um – está me ouvindo? – um só, ouviu?
M.: - Tomarei jeito esse ano, te prometo!
(A fala de P.P. será anotada no caderno para poder ser vista todos os dias.)

Miguel Torga: “Mais um ano. Mais um palmo a separar-me dos outros, já que a vida não passa de um progressivo distanciamento de tudo e de todos, quase a morte remata.”

H.: - Hoje sou fogo de artifício brincando de estrela no céu, sou as bolhinhas do champagne, o dedão furtivo no recheio do bolo - lambida esquiva... sou cheiro de festa exalando das flores. Sou a fé derramada sobre os pedidos da vela apagada, a esperança emprestada... sou travessura encantada. Sou música que atravessa o salão em rodopios... pra sorrir em volta de ti. (...)
(“Deus está nos detalhes.”)



M. (23:59 – 04/02/2007): - Últimos segundos dessa década. Resultado da autópsia: um estômago cheio de poesia e um coração com o dobro do tamanho. Adeus, pitititinha. Hora das honras e homenagens. Trás a tesoura, “corta aqui oh”, para amanhã nascer mais e melhor, bem melhor...

sábado, 3 de fevereiro de 2007

“Hortelã dos chás, dos beijos verdes
doida flor sem ter qualquer razão de ser
lógica das novas, das coisas novas
dos olhos verdes de quem (não) vê”





De longe se pode ver a espreita da oportunidade única. Como se comunicar imparcialmente quando se tem nas mãos um sentimento que não está com cara de que vai passar como essa chuvinha veranista?! Palavras... Palavras... Palavras. Antes não saber o que é, para não ser tentada a falar sobre. Queria ter a petulância de fazer poesia, seria mais fácil e menos constrangedor. Coração leviano. E eu que queria tanto, que tentei tanto e com tantos, encontrar o que agora sinto por alguém que nunca saberá (ou já sabe, ou não quer saber, ou alguma coisa que eu também não sei).
Mesmo com tanto passado, não saber como agir agora soa ingenuamente natural. Amor platônico aos vinte anos, coração vadio. Pensamentos usurpados, olhares longes e sorrisos aos ares. Arriscaria que isso é novidade demais e eu não vou conseguir. Nem seguir eu vou, nem ficar parada aqui, agarrada naquela tarde. Se ao menos eu conseguisse uma daquelas miradas que sem dizer nada, dizem tudo; mas aqueles belos olhos me botam um tremendo medo. Ah, coração inocente constrangendo o corpo que domina, revelando seus segredos...
Ah coração...

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2007

No auge de meu feminismo e indignação, resolvi procurar o significado de confiança:

Definição de confiança*:

s. f.,

segurança e bom conceito que se faz de alguém; convicção do próprio valor; firmeza de ânimo; crédito; intimidade, familiaridade;

pop.,

atrevimento;audácia;insolência.

“Atrevimento, audácia, insolência”. Está tudo explicado. Faz sentido como as pessoas atualmente têm se comportado. Confiar em alguém (especialmente em charmosos pares de calças) virou a maior audácia de todos os tempos. Mulheres insolentes que ainda conseguem fazer árdua tarefa. Dificílimo definir quem é o culpado quando a confiança se transforma em desconfiança. Gramaticalmente um prefixo apenas que molda toda uma conduta. Confiar em partes seria a solução? Categorizar as pessoas. Confio em José nisso, mas para aquilo não. Já João só serve para isso...

Fácil pensar assim. Confiar desconfiando que a qualquer hora virá uma decepção. Pior ainda quando é negada uma ajuda. Diploma na parede não engrandecerá indivíduo algum, ser chamado de Doutor. Médicos! Deveria odiá-los mais do que aos homens. Ainda mais se forem doutores deste tal gênero. Arght! A arrogância de confiar no saber, “convicção do próprio valor”. Céus! Que valor? Valores que fazem desconfiar que ao dar uma palavra amiga, um ombro, ou apenas escutar seria se expor, se colocar no mesmo patamar. Deve existir alguma matéria acadêmica que explique tal autoconfiança exacerbada, afastando até mesmo os bons amigos.

Ah bons amigos que podemos confiar. O que seria confiar por sua vez?

Definição de Confiar*:

. tr.,

entregar com segurança alguma coisa a alguém;dar em depósito;dar a saber, comunicar;transmitir;

v. int.

,ter confiança em;acreditar;ter esperança;

v. refl.,

fiar-se;entregar-se.


"Entregar-se com segurança, comunicar". Gramaticalmente fácil. Não sei se me revolto contra o português ou se isso seria apenas mais uma faísca para essa revolta contra esses projetos de homens. Confiar. Palavra vinda da expressão “ter fé”. Apelaremos para reza para ver se algum dia esses seres estranhos melhoram ou que honremos toda a queima de sutiãs e paramos de chorar por umas peças dessas. Ah faça-me o favor...

*Definições por Língua Portuguesa On-Line (http://www.priberam.pt/dlpo)

Obs:Não odeio os homens assim, ao contrário. Tenho fé que vou encontrar um serzinho abençoado... mas, por favor, não mexam com minhas amigas confiáveis, porra!

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2007

“Marina morena Marina você se pintou”



Fiz um esboço de tudo o que não entendo e talvez nunca entenderei guardei na mala e fui... Hoje volto com a tranqüilidade de entender que não entendo ou nunca vou entender. O medo era um presságio das proporções que os sentimentos tomariam. Lutar contra ou a favor, não mais importa. Não são rosas, nem tiriricas ou capim, mas talvez seja uma nova qualidade de flor ainda não catalogada. Uma jardineira de primeira viagem, não mais... Volto com a companhia de Drummond, que zombou da minha inexperiência, mas escutou atentamente meus lamentos poéticos e sorriu com minha identificação com cada versinho romântico. O que o álcool e a noite não fazem? Comovida como o Diabo, percebi que quis errar, mas dessa vez acertei em cheio. Entender isto, sim é complicado e não acabou, por enquanto. Ao menos consegui dormir... Sonhar não era preciso. Bastava-me dormir. E isso, eu consegui! Volto repleta de mim e feliz, com o auto-retrato mais realista já feito...