sábado, 24 de fevereiro de 2007

Desconfio que eu sou egoísta e sempre serei à contragosto. Minhas andanças entre os ares do que gostaria que fosse, termina com o que eu realmente não poderei ser. Eu saberia dizer sobre o que eu (talvez) não vou ser, se não sei porque sou? Hoje desconfio que sim. Não saber se algum dia eu irei dar frutos, basta-me para me arrastar ao chão, mesmo com o olhar solidário dizendo que ficará tudo bem. Eu sei que não ficará, e o “tudo bem” pareceu-me uma piada. Acho que sou, acho que é. E o que hoje, se desconfia ser um aglomerado que se multiplica desesperadamente poderá ironicamente impedir a minha multiplicação amanhã. A flor póstuma a crescer dentro de mim e as coisas ficarão bem? Tragi-cômico. Como podem ficar bem se, agora, elas não estão? E logo agora. O grande manipulador anda distraído demais. Saber que posso não ser. Ser nada nunca, e os meus nadas não servirão para o que lhes era destinado a ser. O canteiro encantado não passará de um jardim seco. Ser predestinada a colecionar porta-retratos vazios, bela surpresa! Não tenho sonhado muito em criar esboços saltitantes, mas confesso que a possibilidade de não fazê-lo me assusta, e assusta muito... O instinto natural do feminino, que antes não se fazia presente, hoje exala devido ao que me está por vir, nesse caso, ao que não está por vir. Os médicos deveriam parar de disparar olhares de conforto e começar a pesquisar os porquês de um esboço não poder nunca chegar à pintura merecedora de cópias. Quem serei eu, se não puder ser além de mim? Desconfio que não vou passar de um rabisco.

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