quarta-feira, 23 de maio de 2007


Em 23 de maio de 2007, às 13:38:32 uma borboleta, capaz de carregar consigo todos os sonhos de uma menina pousou num jardim perto da Terra do Nunca. No mesmo segundo, o vento esgueirou-se por magia sob o acaso fazendo os corpos dançarem ao som final de ‘Crash into me’ e os lábios se adocicarem, sem que ninguém notasse.

Neste instante, no sexto andar de um hospital, uma jovem fica estática frente a mais doce surpresa de todos os tempos: músicas de se deixar levar e muita ternura em cada pedacinho doce. Os dizeres do papel fizeram de coisas simples, motivos para sorrir. E o fotógrafo, o delicado Srto. Quincampoix, de longe, pressente preocupadamente todas as interseções futuras, e mais uma vez, em um click, faz ternuras!

Já em casa, ela vê: “Então, minha querida Amélie... você não tem ossos de vidro. Pode suportar os baques da vida. Se deixar passar essa chance... então, com o tempo, seu coração ficará tão seco e quebradiço quanto meu esqueleto. Então... vá em frente, pelo amor de Deus!”

Estamos em dias reais de maio. São exatamente 19:12 h da noite. No lar de Srta. Fonseca, em frente ao computador, no final de mais um dia de aulas na faculdade. No mesmo instante em que Deus resolve fazer mais uma gracinha. A temperatura é 24°C, a umidade é 70%, e a pressão atmosférica, 990milibar.

sábado, 12 de maio de 2007

Décimo segundo dia do mês de maio. A moça acorda com um aperto no peito, e ainda na cama reza para conseguir aliviá-lo. Sem sucesso, apressa-se para o banho, onde as suas gotículas se confundiriam com outras tantas. O que urge, além dos cristais, é a ausência dela em si mesma. E dói tanto que ela dobra-se, ajoelhando-se, para ver sair de si uma outra mulher. Despedindo-se com candura da moça, que ainda fica do lado de dentro, ela sai como a outra mulher que fala, gesticula, dança o que vier e mente delicadamente ao sorrir. Mentira maior contada a aquela pequena moça que se dobrou. A pressa do dia ela mede por ponteiros, que sem se mover, andam com o vento. E, venta tanto... O tempo apressa-se e finda o dia em pensamentos. A moça pensa na ausência de mês que faz com que surja mulher qualquer. Falta-lhe tanto que é como se lhe faltasse um membro. Suas atividades, moldaram-se ao dia que o mundo de “ponto-com” foi envolvido pelo acaso e feito dos dias, alma. Tanta coisa por de trás dessa moça, e ela consegue apenas (de forma compensatória) dobrar-se em mulher qualquer. Fraqueza que não permite falar, para flor, do acaso ou da magnitude do de dentro ou dos porta-retratos na parede branca. Fraqueza da palavra que floresce algo já sabido e negado e faz com que o dia, antes mágico, se feche em nebulosidades e vírus. E o que a moça rezou baixinho em diferentes momentos do dia foi força para apenas seguir, sem tentar assimilar particularidades que somente o que lhe falta pode trazer a ela. Deus e Deuses surdos! Céu e Sol encobertos e ventos... E, ela apenas vive em função do que ainda teima em bater.

quarta-feira, 9 de maio de 2007

LISPECTOR, C. Paris, França - Janeiro de 1947

"Tenho visto pessoas demais, falado demais, dito mentiras, tenho sido muito gentil. Quem está se divertindo é uma mulher que eu detesto, uma mulher que não é a irmã de vocês. É qualquer uma."

quinta-feira, 3 de maio de 2007


Iaiá, quanto pecado! Eis o abismo em sua frente e dois passos para sua salvação em qualquer direção. Caso para trás, continuará no mesmo bosque. Caso para frente, irá se jogar ao infinito. Ficar estática frente aos ventos não se pode mais, Iaiá. Falta-lhe coragem, até mesmo para ser esta que não muda, vivendo os dias como o apagar de uma luz. Nas manhãs ligam os interruptores. Nas noites, desligam-nos, mas o corpo cansado de apenas existir não se pode ‘apenas’ desligar. Ah! Como cansa apenas existir. Ah! Como dói! Doninha, você sempre soube, não diga o contrário. Para um corpo infinito é preciso clareza que essa luz de interruptores não vai lhe dar. Para entrar no bosque, por sua vez, é preciso desligar-se de todos os seus conceitos e aceitar a sina dos porta retratos vazios. Escolha única e exclusivamente sua, minha pecadora Iaiá.