quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Você nem é passarinho....




... porque então que você tem que passar?

domingo, 24 de fevereiro de 2008

Na casa, vazio.

Na cama, eu. Sem música. Sem flores. Sem janelas. Se cheiro. Sem pele. Sem gostos. E sem tempo.

Na mão, cigarro. Sem trago. Sem jeito. Sem pensar.

No vazio, tragos de nada. Mistura de coisa nenhuma em boca seca e explode:

Todas as promessas que não cumpri. Palavras que inventei para deixar a casa mais bonita. Momentos que parei o mundo para ir além sem saber que o além estava aqui, dentro. Ridículo; exposição ridícula de palavras bonitas, jeitos letrados ofertados sem piedade na feira virtual. Antropófaga. Canibalismo de idéias compradas por socialistas. Comer por interesse, não simplicidade. Pular do nutrir para sobreviver: ... Luta canibal para que algum dia alguma coisa faça um ínfimo sentido.

No nada ao nada.

Ao nada do nada.

Em um mísero cigarro de uma não fumante.


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Trilha sonora de sussuros:
“Não se pode negar sua a natureza”.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

"Dentro das cinzas das horas..."

"Entre por essa porta agora
E diga que me adora
Você tem meia hora
Prá mudar a minha vida
(...)

(...)
Vem, vambora
Que o que você demora
É o que o tempo leva..."
(A.Calcanhoto)
Eu que nunca mais me imaginei, assim, vestida de juras momentaneamente eternas e belezas insanas. Eu que não mais imaginava ficar sem fôlego para controlar o pensamento que teima em não ficar aqui ou que fosse ver um olhar como o que vi, quando eu fingia estar distraída com um papinho bobo, em um momento bobo de qualquer sexta-feira boba. Não. Eu não mais imaginei que ficaria aflita com a falta de contato e estressada com o celular que não toca. Tudo bem. É, está tudo bem. Mesmo que não estivesse – porque está tudo bem, eu fingiria que é, está, sim, tudo em calma, e eu não preciso de pressa. O sentir é construído, eu aprendi com os tombos que andei tomando. E eu falo com tanta convicção que tenho domínio sobre os sentimentos, que posso deixar para contar, só no próximo encontro bobo, que eu descobri que o cheiro dele é cheiro de madeira. Madeira que se entrega ao fogo com uma facilidade tamanha; porque ele, cheiro de madeira, não?
Agora, vulnerável, como não esperava estar, posso esperar dias inteiros para contar detalhes da minha vida ou para ver um sorriso meio constrangido com a minha eletricidade. A vida anda tão absurda e eu preciso contar isso, mas eu espero e contenho o desejo de querê-lo todos os dias à noite, sentado no chão, com os cotovelos sob os joelhos e as mãos fechadas próximas ao rosto, só para ver no segundo seguinte elas virem despretensiosamente em minha direção, me puxarem pra perto e tocarem minhas costas enquanto eu o ouço falar alguma barbaridade brincalhona que virá acompanhada de um sorriso de desculpas... Ah! Eu que nunca imaginei perder o controle, nem que voltaria a sentir isso, desmorfo me invadindo, me amedrontando segundo por segundo, deixando-me ‘pseudoeternamente’ instável, buscando todos os dias um encontro simplesmente bobo com a intensidade de uma vida sem pressa...
Sem pressa.

sábado, 16 de fevereiro de 2008

“A beleza ainda é mais difícil de contar do que a felicidade.”
(S.Beauvoir)

Razão deveria ser dada como objeto de empréstimo. Sim, só isso me salvaria agora. Principalmente porque venho tentado falar dessa beleza que me fez morada levando o nada racional que havia me possuído. Inevitável não pensar, inevitável não ver a insanidade que há nessa beleza e que transforma o meu nada em tudo e meu tudo em nada em um segundo. Em um olhar, a boca seca, as mãos suam, os pudores são levados com o cheiro e o corpo estremece por completo na ânsia de ser acalentado por braços de abraçar e lábios de beijar desejos sem fim, cessando qualquer pensar racional. Toda essa beleza passional sedenta de tomar-me, inteira. Eu, fragmentos catados um a um, até formar figura de Marina para caber ali, bem ali, onde antes nunca pude imaginar e agora, não posso imaginar que exista algo igual. Céus! É de uma beleza estonteante e de uma alegria triste... Mas eu caibo, exatamente ali, ouvindo todas as sandices e todas delicadezas, contrapondo a normalidade, fazendo-me contradizer o meu desgosto por acasos. Ai, céus... Não há desagrado ou raiva que perdurem. Levito-me em fragmentos de beleza insana que, definitivamente, faz-me perder!

Trilha sonora:

“What magic words would capture you
Like a soft evasive mist you are Bonito*
You fly away when love is new
What do you ask of me Bonito*
What part do you want me to play
Shall I be the clown for you Bonito*
I will be anything you say, Bonito*
Don't run away Bonito*”

Bonita (Tom Jobim – que deveria ser “Bonito”, mas...)

* - Original: Bonita. Alterações minhas.

domingo, 10 de fevereiro de 2008

Eu nasci em 04 de fevereiro de 1987, (provavelmente numa) quarta-feira de cinzas, exatamente ao meio dia em Belo Horizonte ou em janeiro de 2006, durante o meu recesso. Eu precisava de férias das agitações internas e pensei que havia encontrado, finalmente, meu sossego ao acaso. Nestes tempos longínquos, eu fazia escolha. A vida acontecia no singular com toda a singularidade que lhe era permitida. E foi assim que no jogo com o acaso, eu perdi tudo. Eu, que nunca soube como dar as cartas, fui derrotada por uma única carta, começo do meu fim... Ciclos que se renovavam nos escritos, consumia-me o pensamento, mas fez reforçar um outro encontro - este às claras, mesmo tão ‘stranger’- onde era permitido falar das minhas dores; uma a uma escutadas e cuidadas. Nessa época, muito próximo do dia que eu morri, consegui desprender o afeto, o intelecto e o companheirismo da sexualidade, eles viriam como amizade. Não seria uma ligação direta, era afinidade, amizade, pureza; somente na véspera de minha morte, pude perceber isso. Então, também em uma quarta-feira de cinzas, eu finalmente morri. Deitei-me de encontro ao nada. Subi mais alto e vencendo a indecisão suicida, joguei-me. Se não encontrasse a luz, vagaria nas linhas brancas do nada, mas com a certeza que seria velada por mãos de cuidado.

Pobre de mim! Quando planava, fui poupada do tocar no chão. Havia uma mãozinha, que ao invés de se fechar em oração, abriu-se e, espalmando-se, esperava-me, amenizando minha queda... Mais uma vez eu me senti protegida pela mágica do sentir puro. Fiquei dentro dela, meu casulo pelo primeiro instante. Quando forte, as mãos se abriram e eu pude, finalmente, voar. Borboleteie em ares letrados e indecifráveis, mas que me faziam sonhar e sonhar e sonhar, relendo os clássicos, os mitos e os paradigmas... Como os clássicos, os mitos e os paradigmas esses ares permanecem na atemporalidade da história. Serão sempre os ares dos ares que não meus e fim – até a paradoxal relação amor-ódio passar. Em um desses momentos, as mãos já conhecidas me esperavam... Antes mesmo da escolha de pular, elas estavam lá. Não no sopé do abismo, mas no topo, junto a mim, em uma ligação horizontal. E elas me pediam delicadamente para me deitar em sua palma... Era hora do cuidado – meu casulo pelo segundo instante eterno. Morta, vagando nas linhas brancas, preparando-me para mais uma mutação.

Pois bem, nasci duas vezes, morri uma única, vaguei sem fim pelo clássico inferno divino e, mutante, batizei-me, Beatriz. Como Beatriz, forcei as mãos, precisava do palco: atuar. As mãozinhas receosas abriram-se para eu sair desmorfa – meio bicho arredio, meio doçura. Teimosia, um das forças motrizes, fazia-me seguir. Oras! Morrer já não era mais temido, eu já estava morta. O jardim, onde tentava achar morada, havia ressecado quando foi necessário o primeiro instante eterno. Não havia nada a temer, nem a perder e se o jogo havia intrigantes adversários, porque não jogar? Colocava na mesa apenas as cartas sem muita validade, deixava uma na manga e blefava, encarando-os com tanta determinação que ninguém duvidaria da minha habilidade inventada – a minha atuação aprendeu mais uma arte, a arte de sofismar. Se doía-me (e doía-me...) saber que, por vezes, eu queria, sim, consumir todos os adversários, inventava que não. Mas, o que eu mais queria era que rebelassem-se e saíssem desse curta metragem independente no pior estilo “cassino sul americano” e movimentassem-se em cores reais, toques reais, vontades reais. Descobri, por mim, que mesmo o melhor sofisma, não passa de uma “realidade inventada”. Ah! Eu, vezes e mais vezes, citei Lispector e a nossa afeição por elas; agora, eu não mais os queria. À noite, no breu, repudiava inventar realidade. A realidade desejada era Nino de A.Poulain e os prazeres da pequenas coisas, palpitações e, se assim fosse, não me importaria idade, clássicos ou egos verdes incandescente que me mataram. Nos jogos, perdi pouco do concreto, mas muito de mim; perdia-me aos poucos, afundando-me em “be atriz”. Em uma única noite, no breu, com vistas cansadas vi lá longe um poema acender sua luz:

"Apaga a luz
Antes de amanhecer
Um vagalume"
(Alice Ruiz)

Um vagalume(zinho...). Que eu já havia visto, mas nunca percebido. Meus olhos cobriam-no de primeiras impressões. Mas em meio às fortes luzes natalinas e todo o clichê de final de ano, ele apareceu pequeno, indefeso, poético em sua sinceridade, em suas cenas de territorialização gratuitas e com sua luz fraca, mas autêntica. Um poema curtinho, que seria minha morada, por ora. Do poema curtinho, fez-se, também, “Brinquedo Sério” (Alice Ruiz).

Meio borboleta, meio bicho. Ora Marina, ora Beatriz. Clichês e autenticidades. “Palavras e silêncios”. Metade mim, metade outros. Carnaval e quarta-feira de cinzas. Meus paradoxos nunca terminariam... Na indecisão, as horas consumiam as poucas horas de luz e ensinavam-lhe os truques do jogo, que eu já não suportava. Eu queria mesmo sedas para descansar, mas minha não habilidade em conseguir arrancar os prefixos da indecisão fez com que o dia despontasse (o que eu sempre quis, mas não agora). Querendo que a noite continuasse a destacar a luz do bicho – eu ainda quero tanto, mas tanto que até me envergonho! – pedi abrigo às mãozinhas. Ontem, enquanto revia as gavetas, limpava a casa e molhava minhas flores-amores de plástico, sentindo-me ridiculamente envolvida por mais uma viagem sentimentalóide, pedi para que as mãozinhas me fechassem em cuidado... e lá estavam elas, fraternalmente. Mesmo sabendo que a antiga Marina morreu, fingiu renascer, mas não conseguiu. Elas lá estavam, fazendo-me nova: Marina sem codinomes, recriando heranças, minhas flores, meus jardins e desenhado a vida, e o sentir com pureza. Mãos em liberdade, mesmo quando em casulo. Hoje, o meu terceiro instante eterno. Obrigada, sempre! *=)




PS: Tô estragada... Reze para não parecer muito “nhé” essa fábula(zinha) água e açúcar ou para não ficar 1/2! Só posso com suas orações. Ah! Você sabe... * “Relicário” * (Nando Reis).

sábado, 9 de fevereiro de 2008

Tudo novo. De novo... mais uma vez (e até dar certo...).


Tendo A Lua (Os Paralamas Do Sucesso)

Hoje joguei tanta coisa fora
Vi o meu passado passar por mim

Cartas e fotografias gente que foi embora.

A casa fica bem melhor assim

O céu de Ícaro tem mais poesia que o de Galileu
E lendo teus bilhetes, eu penso no que fiz
Querendo ver o mais distante e sem saber voar
Desprezando as asas que você me deu

Tendo a lua aquela gravidade aonde o homem flutua

Merecia a visita não de militares,
mas de bailarinos e de você e eu.

Hoje joguei tanta coisa fora

E lendo teus bilhetes, eu penso no que fiz

Cartas e fotografias gente que foi embora.

A casa fica bem melhor assim

Tendo a lua aquela gravidade aonde o homem flutua

Merecia a visita não de militares,
mas de bailarinos e de você e eu.

Tendo a lua aquela gravidade aonde o homem flutua

Merecia a visita não de militares,
mas de bailarinos e de você e eu.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Sem destinatário certo: Ao acaso e a quem couber...



Digam o que lhes convier, mas a premissa está posta; tanta casualidade, isto é, em número excessivo, e pouco encontro. Diversos, cada qual com sua peculiaridade, convergem, apenas, no desamor sentido no depois. Agora, se fosse permitido, diria da necessidade narcisista de correspondência. Não tão egoísta como certamente soará; seria dito de forma simples sobre a necessidade de ‘responder’. Malditas expectativas que consomem em toques, cheiros e saliva! Esperanças que chegam, mesmo que tarde, para apodrecer no magnífico nada. Dentre pertencer e mentir que o faz – que o sente – seguir, por não haver outra opção e por teimosia, como lágrima estancada nos olhos a espreita de mais um nada, mais um engano sem responder e, menos ainda, corresponder.

Haverá dia melhor com hora certa de tornar-se livro e leitor insaciável, quando cada palavra posta ganhará ares de imaginação, libertando-se da intenção do autor, ‘sendo-se’ gramaticalmente cabível, mesmo que não tão correspondente a ela (ou não...). Um dia... Hoje, não!

Hoje, árvore no chão, página arrancada, papel picado e fogo a consumi-los...

Trilha sonora: Palavras e silêncios – Paulinho Moska.

domingo, 3 de fevereiro de 2008

Solilóquio

É... eu realmente odeio carnaval. Imagina só cidade do interior uma hora dessas, 22:50h do domingo de carnaval. Vai faltar água, a cidade vai estar imunda e os axezeiros estarão consumindo com seus neurônios. Beleza, Marina! Você odeia carnaval, mesmo. Nunca gostou. Isso repete três vezes: odeio, odeio, odeio. Deu pra enganar. Mas, uma hora dessas em Belo Horizonte... é, os anti-folias. Mas, onde eles estão? Que porcaria é essa de cidade vazia. Ninguém me irritou hoje no trânsito. Que trânsito? Trânsito dos anti-folias raptados pelo maldito crééééu. Isso! Abriu um buraco e créééééu na galera. 22:53h e eu odiando todos os tipo de carnavais, inclusive o “anti-folia”. Pois é... Pelo menos às 22h em ponto você tinha companhia, ô vinhozinho de merda. Merda, merda, merda. Três vezes para eu acreditar que estou bem, está tudo certo, eu odeio carnaval mesmo e esse vinho ainda não subiu, não deu tempo. Mas as cidades do interior... pois é. É... esse computador cheio de fotos. Dá uma doidera ver fotos antigas. Dá uma doidera maior ainda ver essas fotos que fazem as pernas tremer de vez. Ai, bosta de cidades do interior! Aposto que lá não tem vinho. Mesmo esse vinho de merda que ainda não subiu, e essa foto faz tremer e as malditas cidades com nomes duplos. Odeio. Odeio nomes compostos de todas as formas. Vê-se lá: Matilde. Tomar banho... Falando nisso. Maldita hora - agora, se eu não estivesse conversando comigo mesma, uma amiga falaria. Não, ela cantaria: “apressado come cru”. Bem feito, nascer de sete meses em pleno carnaval. Depois, na verdade. Logo depois, para ser mais sincera. Maldita hora mesmo, que tá chegando... tá. E será que nas cidades do interior carnavalescas que têm nomes compostos têm telefone? Assim, facinho. Pegou, ligou, dois minutos... eu vou falar calmamente: “ah... obrigada! Mais um, ê!” Ou vou ficar em silêncio engolindo que eu odeio carnaval, que odeio as magníficas possibilidades dos carnavais e arriscaria um “imagina! Eu, libertária, oras!”. Mentira... repete três vezes: libertária. Libertária. Libertária. Mais uma vez, minha amiga surgiria, verbalizando minha consciência: “Rá! Eu menti”. Mas, e daí? Eu odeio carnaval, seguro a garrafa de cerveja nas pontinhas (de todos) os dedos, odeio nomes compostos e cidades históricas momentaneamente carnavalescas. E eu estou bem... tô conversando comigo porque, sei lá, escutar crééeéu não dá, o vinho acabou e eu realmente odeio carnaval.

E... ah. Quem amanhã me desejar “muuuuuuuuuuitos amores”, vai se ver comigo...

- Aqui, queriiiiiiido. Brigadinha, mesmo. Esse eu pulo. Eles nunca vêm sozinhos. A propósito, assim que o mundo voltar ao normal e sairmos para beber, repare em como eu sirvo cerveja, ok?! Ah... mais um. Ê! Brigadinha. Hi-hi-hi.

Bom... Não quero, rá! Não. Não. Não. Três vezes que é para ter segurança na afirmação. Ok. Odeio carnaval. Grrrrrrrrr.