sábado, 28 de julho de 2007

É... saudade?

Todo dia de manhã, a mesma rotina. A mesma caneca de café puro, sala de estudos e computador ligado. Até mesmo em dias letivos meus primeiros minutos antes de ser a Srta. Rezende são assim. De fronte ao imenso mundo virtual, tenho lugares certos a navegar. E encontro sempre um encanto, um testimonial com uma poesia, uma frase do velhinho das barbas brancas ou um sorriso contido por ter visto algo extremamente tosco e quisto compartilhar com a menina que se transforma (além de que dorme demais, cáspita!).

Todos os dias. A mesma ternura com que sou tratada tento tratar, e a resposta vem sempre doce, com um 'ah, Pinka!', naturalmente. Todos os dias uma mulher se veste de mulher ruiva e sopra pozinhos, transmuta-se em duenda com flauta em mãos a roubar-me - não, roubar-me não! Compartilhar, isso! - digo, compartilhar parte de nossa infância. E todos os dias ficam curtos de tanto que se fala, gesticula, canta, serena e faz sorrir. Os antigos merecedores de sorrisos que um dia, em um papinho informal, eu pedi à Deus! Ele, na figura Dela, veio... Veio fazer de todos os meus dias paisagens de sentimentos. Sim, paradoxalmente ao me ver nela me sinto mais eu. Sinto confortada pelo destino de poder ser como Ela é (ou algo muito próximo, tenho comigo essa certeza), ser um ser noturno não dói mais. Tenho além dos dias, as noites acordadas e nosso lugar seguro. Nosso lugar de conversas sem fim, travesseiro quente e muito afago. Almas irmãs que se encontram e se abraçam, tanto no claro dos sorrisos radiantes como nas noites chuvosas. Todos os dias não são mais iguais e tudo dá pé porque a tenho como uma filha tem a uma mãe, como a flor tem o cuidado, como a vida tem os sentimentos.

Todos os dias... exceto esses dois dias e meio que a sua presença se faz no coração. Eu, egoísta (sim, também temos vícios de linguagem, né, Pinka?). Ela merece o descanso desses dias, mocinha! E, ela merece muito mais do que um lugar calmo. Ela merece o manto das santas protetoras dos que vivem inocentemente. Ah, mas eu não consigo parar de pensar como todos os dias são singulares quando em sua companhia, e lamento não ouvir, por ora, a menor e mais bonita poesia: 'Voltei...'. Estes dois dias e meio são reflexo do imensurável desejo de partilhar emoções estáticas, emoções incoerentes, emoções mutáveis. Nesses dois dias, o café puro na mesma xícara se manteve, assim como a ronda nos bat-lugares e a certeza de que está tudo bem, só as cores e o meu sol que não saíram todos esses (dois longos) dias.

- Duende, dá pra devolver o meu Sol?

segunda-feira, 16 de julho de 2007

Mosaico, mistureba e mimimi

"Há uma maneira de evitar que se assemelha a procurar..."
(Victor Hugo)


Corpo cansado, mente cansada. Ocorreu uma implosão de pensamentos que a fez perceber que angustia. E além deles ninguém viu, ninguém sentiu... Da janela, uma visão vermelha. A vida avermelhada, quente fora e dentro dela, barulhos sem fim – é a centelha do que arde, deixa carne viva vermelha. Ela quer descanso e algo que entorpeça, mas consegue somente permanecer na janela incorporando cada feixe de luz que se vai e cada ponto luminoso que acende ao longe.

- Estava lindo. Pontinhos de nada, na noite que não deveria ter fim.

“Sem fim”. Ela fala para dentro. Fala para si, como se precisasse agarrar-se em cada fragmento de memória ainda vivo. Mas hoje, ela sabe que não precisa de palavras – mesmo sendo tão necessário serenar com a construção das linhas; a comunhão é outra no silêncio: o diálogo mais complexo, encontro de desejos inconstantes. Não, ela não precisa mais das palavras hoje. Ela tem a vida vermelha da janela, ela tem os tremores internos e as luzes crepusculares da memória. Ele é lunar. Ela é lunar? Ela também é lunar, a sua maneira. Luiza minguante a se jogar na cama tentando sentir o cheiro que nunca estivera ali em seu travesseiro. "Cubra seu rosto, Pequena... Esconda seu adolescer tardio". Ela, olhar perdido, observa o que há muito estivera lhe habitando. O que ela encontrou aquele olhar? Seus olhos crepuscularmente minguantes ainda cintilam. Ela chega mais perto? Ah! Ela se esconde dela. Escondendo os olhos, esconde-se a alma, mesmo havendo nesses teimosa entrega. Peças de dentro se encaixando (aqui e ali, será?)... Encaixa-se, Luiza! E o que virá no amanhã? Luiza nova e a certeza de que o que hoje se esconde, permanecerá “milênios e milênios no ar”...



Obs.: Ela assombra-se com a realidade não diferente das outras, e teme que tenha sido lida. Não ter tido suas palavras, mas seu corpo lido. E, ele foi, ela pressente que sim. De súbito, percebe-se toda uma vida, em forma de pressentimentos. Ela, finalmente, percebeu que o mesmo sempre é isso: o medo de ser lida por inteiro, ser atropelada por olhares que não respeitariam nenhuma pontuação, porque ela se permitiu ler. Agora, ela não mais controla. Inconscientemente, a moça se entrega, deixa de ser densa. Despindo-se das metáforas que a escondiam, ela se sente limpa, clara, talvez (não se sabe ao certo...) ela se sinta ansiosamente viva e quer chorar. Ah! Quer chorar atéééééééé que o cansaço do talvez desapareça.

Obs. II: Aos pequenos, emoções inversamente proporcionais ao tamanho...

quarta-feira, 11 de julho de 2007

- Deus, dá um grito e manda tudo parar, dá?

Tudo pulsa, aqui dentro. E dura e dói de tão belo. E cintila, expande e toma o que é de direito por tanto tempo. Distorcer a realidade, solução? No mundo que apalpo, as coisas são sonhadas. No mundo que sonho, as coisas são palpáveis (ou não...). Na cor-viva me encontro e me perco. E me perderia, sempre, para encontrar a cor-sonhada no mundo que apalpo.

- Dois fios, Deus! Entrelace-os ou mande parar...
- Hey, Cérebro, o que vamos fazer esta noite??
- Vamos fazer o que fazemos todas as noites, Pinky!
- Vamos dançar a polka, Cérebro??
- Não, Idiota! Vamos fazer o que fazemos todas as noites.
Tentar dominar o mundo!!


Agora, eu: - Hein?

segunda-feira, 2 de julho de 2007

“No tele-espaço pousado em cores no além
Brando, corpo celeste, meta metade
Meu santuário, minha eternidade
Iluminando o meu caminho e fim
Dando a incerteza tão passageira
Nós viveremos uma vida inteira
Eternamente...”


Entre os chãos, distância. E ela sorri como se pudesse observar o mundo sem ser percebida. E ela vê tudo, deixando o antigo olhar cansado das mesmices, para ver o que ela tanto deseja. Entre muitos, nada. No corpo um torpor. Ela sente seu rosto queimar e esta quentura desce milímetro por milímetro. Ela respira. Ela controla. Ela observa, após sorrir com a alma, e sente que tudo, antes, era nada. Entre nada, o dela. O destino enfeitado por flores, o dela... Deus brinca com os raios que caem seguidamente. Raio que transforma chuva em pó que cintila, naturalmente. E o tudo, antes nada, brilha tanto, que ela resolve se desfazer em todas as cores, juntas a se movimentar deixando a pele branca ao perceber que pode ver sem ser vista. Entre chão, entre muitos e entre nadas, o que é dela? O esconderijo secreto do olhar, espelhos e desejos. Felicidade sublime! Ela pode ver quando não se vê mais “os nadas”, nem os chãos, nem “os muitos”. Ela vê, com o coração, tudo! Ah! Os tremores, a fuga, e começo de sorriso final a acompanhá-la por todo o caminho de casa. Deus está nos detalhes e ela em oração.
Ela, meta-metade refeita em canto, encanto... vem andar e voa. Vem andar e voa.... voa!