terça-feira, 26 de junho de 2012

Tenho tentado.

Na verdade, acreditar, essa ação concreta, sempre me bloqueou. E, eu me deparo com todo esse cansaço real. Me lembro da primeira vez que senti uma tristeza fria por uma despedida. Para variar, uma despedida nada concreta. Era um escritor, que delicadamente se despedia da sua possibilidade de se expressar. Só não sabia, ele, que, ao se colocar, ali, naqueles textos e naquela tela tão paulistanamente distante, ele me colocava, aqui, tão belozinhontinamente clara. Lembro que para se despedir ele usou um lugar comum “porque tudo nessa vida tem que ter um fim, para de outra maneira começar”. Certíssimo, Eduardo. Assim, resolvi que iria me permitir. Tanto que até hoje eu tenho tentado me convencer disso. Exceto quando, em março, copiei na agenda de trabalho, bem na última página, um trecho da Rita Apoena, sobre olhos grudados em sapatos e seus passos mudos e cegos e faltosos e ilusórios e eternamente sonháveis – acreditando que ao nomear as impossibilidades, seria um novo começo. Uma despedida do irreal, intangível. Este lugar do inalcançável que me faz temer os passos de um (cansativo) recomeçar sem fim. Novas verdades que, obviamente, em um pensar camuflado, viraram o esconderijo certo do medo dos próximos passos. Até confesso, tenho sonhos lindos! E, tenho acreditado em isso, de ser feliz. Pra dizer a verdade, venho carregada de adeus e olas, permeados por alguns até breve – porque nem tudo está no tempo da gente. Sabe? Eduardo, eu tenho tentado.