terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

o sertão está em toda parte.
o sertão está dentro da gente.


a gente vive, eu acho, é mesmo para se desiludir e se desmisturar. a senvergonhice reina, tão leve e leve pertencidamente, que por primeiro não se crê no sincero sem maldade.


Grande Sertão: Veredas

sábado, 21 de fevereiro de 2015

A arte de se perder

Bishop... Ah! Bishop irreverentemente me propôs observar atentamente a beleza das perdas. Meus ouvidos desatentos ouviram o desafio de perceber o "se perder". Ação esta tão correta e assertiva. Com o passar dos dias cada vez mais perdida em mim com completo sucesso...

Permaneci desesperançosa por meses completos. Pensei que havia outra Marina em mim, seca, automática, desencantada e desencantadora, tão cheia de erros e então... Sabe? Senti o gelado por dentro, mãos tremeram, suaram e o pensamento voou. Pelas poucas vezes, depois de tanta falta de setimento, amontoados de erros em um único ano, foi recíproco: sim.. o pensamento voava, a voz barganhava as palavras e o sorriso discreto me fazia mergulhar nos trejeitos, no movimento lento dos lábios que se mexem sem querer, sem emitir um som, acompanhando o pensamento. Uma noite foi o bastante para me encantar, registrado magicamente por duas fotos lindas deste primeiro grande encontro de mim.  Duvidante pedi sinais a Deus, tudo me fazia sentir que podia ser. Logo eu, desacreditada que poderia ser novamente, senti que sem querer perdia-me.  Não sei onde nele me perdi. Assim, carrego em mim esse desejo legítimo que seja e que continue sendo encantado... Oh, Bishop, nao me diga que seria uma alegre arte, depois de tanta secura, este presente de encantamento tão breve. Sinto a alegria de poder me perder em meia noites e meio dias e noites que se transpunham em dias. E temo... Perder, afastar e não poder mais encantá-lo. Ah! Se pudesse dizer... todas as coisas lindas que imagino ao me perder olhando-o calado e calmo. Ah! Sinto em mim uma urgência bela. Que já me dói tanto, de tão bonita...

domingo, 8 de fevereiro de 2015

Dois mil e reticências

nada será como antes. passaram-se dias inteiros que se contabilizados foram mais do que os 365 que caberiam em um ano. mudei: mantive o mesmo corte de cabelo de anos,
na tentativa (vã...) de manter algo que me remetesse a mim. mudei o tom. a personagem antiga se descobriu autora. digo que aquela que se entendia enquanto receptora das desavenças desse mundo de sentimento, descobriu que toda lamentação era o seu melhor, era seu roteiro mais belo. em dias inteiros descobri que toda as tentativas de me ocupar seriam vazias. atitudes iguais as que eu escrevia em meu roteiro mais belo, me mostravam o quão coadjuvante eu fui. e o quao estaria sendo. nada será como antes. nem mesmo choro por um novo amor, mesmo aqueles que a gente jura que tem tudo para ser perfeito. ah.... o choro se faz manso, quase se confude com o chuva que teimou em cair nesse Belo Horizonte. mas caiu... como uma correnteza de palavras presas a tantas reticências que teimavam em acreditar que não era a hora.

nada será como antes: as mãos de hoje que não buscam nem mais os desejos. reinventaram o significado da reciprocidade. agora seria: cada um tem um jeito. que obviamente não é o meu... mas em nome das coisas que não podem ser como antes, eu  "reticiencio". procrastino o a esperança que em algum lugar em mim, algum momento será habitado por sentimento e me divirto com meias palavras, meios sorrisos e quase nenhuma vontade. eu vivo... e carrego um único pedido em mim, aqueles que a vida colocou: ocupe-me.