domingo, 31 de dezembro de 2006

Desconexo

“O mar calmo, mas a espreita e em suspeita. Como se tal calma não pudesse durar. Algo está sempre por acontecer. O imprevisto improvisado e fatal me fascina. (...) É tão difícil falar e dizer coisas que não podem ser ditas. É tão silencioso. Como traduzir o encontro real entre nós dois? Difícil contar... olhei pra você fixamente por alguns instantes. Tais momentos são meu segredo. Houve o que se chama de comunhão perfeita."

Clarice Lispector - Água Viva



É...

sexta-feira, 29 de dezembro de 2006

Maria, maria

Às vezes bate aquela saudade das minhas Maria, Maria.

Ser T.O. é isso...

... traduzido nisso:

Maria, maria
(m.nascimento/f. Brant)

Maria, Maria
É um dom, uma certa magia,
Uma força que nos alerta
Uma mulher que merece viver e amar
Como outra qualquer do planeta
Maria, Maria
É o som, é a cor, é o suor
É a dose mais forte e lenta
De uma gente que ri quando deve chorar
E não vive, apenas agüenta
Mas é preciso ter força
É preciso ter raça
É preciso ter gana sempre
Quem traz no corpo a marca Maria, Maria
Mistura a dor e a alegria
Mas é preciso ter manha
É preciso ter graça
É preciso ter sonho sempre
Quem traz na pele essa marca
Possui a estranha mania
De ter fé na vida

quinta-feira, 28 de dezembro de 2006

As coisas adormecidas


Acorde beija-flor.
Siga. Vá até ali, siga mais um tiquinho.
Pare. Fique assim.
Afaste-se. Vá até o jardim do vizinho.
E adormeça, beija-flor.
Adormeça, mas acorde melhor
Em um dia lindo e comum.
Sereno, levanta-te passarinho e
Vai...

quarta-feira, 27 de dezembro de 2006

Enlouquecendo cada dia mais, e ainda me vem umas frases dessas:

"Há coisas que deviam ficar do jeito que estão. A gente devia poder enfiá-las num daqueles mostruários enormes de vidro e deixá-las em paz. Sei que isso não é possível, mas é uma pena que não seja."

Holden Caulfield

"Esta queda para a qual você está caminhando é um tipo especial de queda, um tipo horrível. O homem que cai não consegue nem mesmo ouvir ou sentir o baque do seu corpo no fundo. Apenas cai e cai. A coisa toda se aplica aos homens que, num momento ou outro de suas vidas, procuram alguma coisa que seu próprio meio não lhes poderia proporcionar. Ou que pensavam que seu próprio meio não lhes poderia proporcionar. Por isso, abandonam a busca. Abandonam a busca antes mesmo de começá-la de verdade."

Professor Antolini para Holden

É. Pois é...
Esperando os efeitos da "Torre".

segunda-feira, 25 de dezembro de 2006

Carta

Acordei hoje com um pensamento fixo. Minha paz vai embora... e os olhos ficam úmidos. Tanta busca por tudo o que representa a mim, e agora vai embora. Se eu não conhecesse meus dramas arriscaria que “isto é uma fase vai melhorar”, mas me dei conta hoje de manhã, quando abri os olhos que não... Não está sendo uma simples passagem na minha vida e com tão pouco tempo, me desarmou e me trouxe tanta paz...
Queria poder surtar e implorar para não ir. O destino é mesmo um palhaço! Injusto. É extremamente injusto. Excluindo todo o meu sentimentalismo, um mês é incerto demais quando comparado a essa vontade crescente. Procurei os porquês de meus olhares perdidos o dia todo... Não os encontrei. A moça que pregava liberdade foi desarmada e se contradiz.. Ô coração apertado. Não se vá (ah sonho utópico...) e quando for saiba que aqui fico faltando um pedaço, talvez o mais importante.
E, se me permite surtar:
Fique mais, minha paz!

Lendo:

"Que minha locura seja perdoada,
porque metade de mim é amor...
e a outra metade...
... também!"
Metade - Oswaldo Montenegro

Deliciando:

"eu paro
e fico aqui parado
olho-me para longe
a distância não separabólica"

Engenheiros do Hawaii - Parabólica


P.S.: Ok. A sentimental está de volta, a loucura me circunda e a clareza ainda permanece.


sábado, 23 de dezembro de 2006

Cartas de Tarô

Dois anos de misticismo adormecido para dois minutos de insistência e duas doses alcoólicas jogar tudo a perder. Não tenho medo das cartas propriamente ditas, mas tenho medo de me expor, mostrar o que acontece nesse “quarto de mistério”. Crer no que está exposto é a forma consistente da realidade ali contida. E eu acredito... tanto que deixei quieto esse “dom” por alguns anos, por acreditar demais no que via.
A metodologia é simples: três cartas, disposta da esquerda para direita representando respectivamente o passado, o presente e o futuro. Nós duas sabíamos exatamente que não era brincadeira, e mesmo assim insistimos em relembrar o que por muito tempo eu queria, definitivamente, esquecer. Os ensinamentos surgiam tão claros que me assustavam. Como poderia lembrar daquelas interpretações todas depois de tanto tempo? Segundo ela, era o “dom” que nos foi dado. Eu não quero acreditar que é um “dom”. Após a faculdade, as coisas passam a se tornar cada vez menos místicas e cada vez mais científicas. E tarô não é científico em hipótese alguma. Nem ao menos sabemos se o que nos foi ensinado é a maneira mais correta de interpretação, mas se jogo é jogo, vamos jogar.

Toalha amarelada pelo tempo aberta sobre mesa. Ela de frente para mim e o baralho nos separando. Queria não acreditar que aquela cena estava se repetindo, mas lá estava tomada pela insistência e por um certo ceticismo advindo das experiências acadêmicas.
Em três segundos já tinha escolhido as três cartas e apenas um segundo para virar a primeira carta: O imperador.



Direito, rigor, certeza, firmeza, realização.
Energia perseverante,
vontade inquebrantável, execução do que está resolvido.
Autodestruição, grande risco de ser enganado.
Autoritarismo, tirania,
absolutismo.









O medo aumenta, assim como a certeza de que mesmo relutando, com aquelas cartas estaria me expondo. E me expus. O imperador! Sabia que sairia esta carta. O ano foi exatamente assim. Minhas vontades assumiram proporções além do permitido. Fiz, desfiz, mandei, desmandei, fiz muito choro e muito riso falso... e de certa forma, pago por isso.

Tomando outro gole, respirando fundo e frente ao silêncio dela (ah... ela mencionou minhas antigas interpretações e resolveu que eu mesma tentasse entender o que estaria por vir sem sua influência), abri a carta do presente: A justiça.



Capacidade de julgamento.
Conciliação entre o ideal e o possível.
Objetividade.
Clareza de juízo.
Autoridade para apreciar cada coisa no momento oportuno.









Olhos se arregalam. Não precisaria do tarô para saber como está sendo o atual momento, ele somente reafirmou o que eu já sabia. Momento de julgamento, de esperas, de clarezas assustadoras, assim com esse maldito jogo que não terminava e cada vez mais me expunha.


Para finaliza de uma vez por toda, virei a terceira carta. Se a Deus pertence o futuro, e o vendaval se aproxima, as cartas de maneira alguma falariam algo de concreto. Bem, prefiro acreditar nisso. Terceira carta exposta: A torre.








Rompimento das formas aprisionadoras, liberação para um novo início.
Destruição da rigidez.
Abertura.
Conhecimento.
Desmoronamento e queda.
Confusão completa.
Excessos.






Ok, ótima maneira de terminar uma leitura. A torre... realmente não esperava. O vago se apropriando do futuro para resultar em mais destruições. Como se já não bastasse as deste ano. Uma parte de mim acredita em obras do acaso, outra parte acredita no que vê. E o que vê? Seria mais fácil falar o que eu não gostaria de ter visto. E essa torre, é uma dessas coisas. E eu prefiro acreditar, ou repetir para que eu acredite, que o futuro é inesperado, assim como esta bendita carta. Deixa para lá, e deixa a certeza de que não deveria ter remexido nesse tipo de lembranças.

Jogo é jogo, e eu pago para ver.

sexta-feira, 22 de dezembro de 2006

Final de ano às claras. Tanta lucidez... Assusto-me. Tanta mudança em um mês. Foram exatamente 30 dias gastos para ficar assim: claro. Minha procura incessante serviu de ferramenta para o acaso demolidor. E lá vai pedaço de Marina pra cá, pra lá... Agora, será uma obra faraônica restaurar-me e sobrarão peças pelo chão, certeza! Sobrarão peças que nem sei onde estão e qual a magnitude da sua projeção.

Os antigos sonhos tiveram suas asas cortadas. Minhas estórias ganharam adereços novos, agora terminam com pontos finais. Nada mais de reticências, por ora. É simples assim: foi/não foi, deu/não deu, amo/ “desamo”. Essa lucidez que me assombra trouxe-me (paradoxalmente) paz. E em paz ficaria, mas do pouco que me conheço, arriscaria que está por vir um vendaval. Ventos que impediriam momentaneamente aquela tal busca. Inútil seria afirmar que a cessaria. Não, a busca apenas adormecerá. E vai ficar adormecida janeiro inteiro, até que a “vontade-do-novo" volte.

É. Situações de final de ano. Final de ano? Melhor seria: final do ano de tormentas. Diria mais, seria o final mais lúcido e o começo mais sentimental (oh claro, vindo de mim...). Respiro em paz agora, e penso muito até que as novidades se mostrem exatas.
E assim foi o ano, assim foi o mês, e assim estão sendo os dias...
Mês da exatidão, com seus dias de mudanças, de esperas, de sentimentos e olhos (bem) abertos para não permitir o inevitável.

Nada sei sobre o acaso, e sei muito de minha espera em paz e de minha lucidez assustadora.
Esse ano não farei resoluções (de gaveta). Elas não servem para nada quando se tem em vista um vendaval daqueles.

terça-feira, 19 de dezembro de 2006

"Libertando sorrisos no ar"

Quase 20 anos e ainda não me conheço, e melhor, me surpreendo sempre! Moça de fases correspondentes às fases da lua em junção com as marés e a direção do vento.
Simples assim: quando tudo lá fora está em uma desordem sem fim, eu me encontro em uma paz póstuma.

Vício bom, que enfeitou o dia todo com felicidade:


Carta (ano de 1890)
Vanessa da Mata

Ando nas ruas do centro
Estou lembrando tempos
Enquanto lhe vejo caminhar
Aguando a calçada
Um barbeia um velho
Deita a noite e diz poesia (serenata)
Vinho enquanto ouve choro costurar
Passei em casa, seu Zé não estava
Memórias Senhor Brás Cubas Postumavam
Enquanto vi passar Helena pra casa de chá
Devagar, bonde na praça
Ainda borda delicadeza
Torna a gente
Banca de flores
Libertando sorrisos no ar.

segunda-feira, 18 de dezembro de 2006

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Dia lindo.
Da janela a dúvida: pulo ou me permito voar?






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quinta-feira, 14 de dezembro de 2006

"Porque tudo na vida começa com um 'sim'.
Uma molécula disse 'sim' pra outra
e a vida nasceu...

Não esquecer que por enquanto é tempo de morangos...
Sim!"

Lispector


Antes que pergunte, ela responde: Sim! É tempo não só de morangos, como dona Lispector diz, mas também tempo de muitas flores. Flores filhas da chuva, que não sabem em qual cabelo irão parar ou se algum dia irão sair do jardim.
Mas o jardim floresceu. Floresceu mesmo com o silêncio, mesmo sem o jardineiro pra aguar. Por vezes a moça quis deixá-las ali, sem água.

E assim devagar veio a chuva...

“Olha.. está chovendo na roseira.
Chuva boa prazenteira

Quem conseguirá impedir que o verde desse jardim apareça? O cinza da cidade poderia tentar, mas são tantas flores, tantas... Se o próprio verde desistisse, ah pequena, seria tarde demais. O certo é que o verde renascido (etimologicamente correto só no latim... resnacido!) e as flores ali vão ficar, enfeitando esse jardim que depois de tanto secar, descobriu no verde serenidade...
Serenidade para esperar a hora certa de colher as flores.

Pensando bem, moça, verde e cinza são cores tão próximas, e as flores são tão lindas.
Para essa vida começar, diga “sim”, porque a moça já decidiu enfeitar seus cabelos...

terça-feira, 12 de dezembro de 2006

"A cada dia que vivo mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca. E, esquivando-nos do sofrimento, perdemos também a felicidade."

Carlos Drummond de Andrade

segunda-feira, 11 de dezembro de 2006

Coragem morena

Falta me coragem para dizer certas coisas e a angústia aumenta a cada ligação.
Pare de ligar! Do pouco que sei sobre felicidade, restam os momentos felizes ao seu lado. Quero esquecer! Saio em busca de mim mesma e corro o risco de me perder, como dizes; mas por que não me perder de vez?

Momentos inesquecíveis vão permanecer intactos e um novo amor nos fará construir lares de fina-flor, mas, por favor, se vier até a mim para contar da leveza do coração, não o faça, mas seja feliz. E não seja!
Não me procure para dizer de sua paz, se não consigo encontrar a minha. Meu castelo de areia perde uma torre a cada palavra sua. Pare! Tampo os ouvidos para não te ouvir e deixo os olhos abertos para não te sentir. Não quero lembranças. Falta-me coragem, até mesmo para ser quem um dia fui. Falta-me coragem e não me falta mais nada de você, além de mim mesma. Que seja a vida. Deixa ser... e vamos começar com um ponto final.



Basta pensar em sentir
Fernando Pessoa
(14-6-1932)

Basta pensar em sentir
Para sentir em pensar.
Meu coração faz sorrir
Meu coração a chorar.
Depois de parar de andar,
Depois de ficar e ir
Hei-de ser quem vai chegar
Para ser quem quer partir.

Viver é não conseguir.

sábado, 9 de dezembro de 2006

Agora:

"There’s something about the look in your eyes
Something I noticed when the light was just right
It reminded me twice that I was alive
And it reminded me that you’re so worth the fight

(...)

Could you show me dear, something I've not seen?
Something infinitely interesting"

Incubus - Echo

Fragmentos de luto e luta.

HOSPITAL PSIQUIÁTRICO "desativado" e MUSEU DA LOUCURA

Retratos do passado recente

Métodos de tratamento:

Laborterapia (trabalho forçado)
Contensão (coleiras, correntes, grades, algemas)
Eletroconvulsoterapia (eletrochoque)
Psicofarmacologia
Psicocirurgia (Loboterapia - "Raspagem" do Lobo cerebral frontal)

Terapias "alternativas" : Shock Terapy
Por Walter Poldinger

Coloque o portador de sofrimento mental em um alçapão.
Leve-o para um lago, com águas geladas.
Abra o alcapão repentinamente e lance o paciente na água.

Resultados

Em uma população de 3500 pacientes, 700 mortes ao ano.
"Fábrica de cadáveres" para as escolas de medicina.

Causa mortis: Diarréia, astenia geral, sífilis cerebral, anemiaperniciosa e aguda, acesso de exitação maníaca, cachexia simples pós diarréia verminosa, frio, tristeza, abandono, fome, omissão, ignorância, repressão, falta de verba, EXCLUSÃO, preconceito e miséria.
Ninguém morre de loucura.

Visita ao antigo manicômio de Barbacena:

Quinze pessoas percorrendo os corredores das maiores barbáries. Em cada fresta o grito de dor. O ar tenso. Pacientes crônicos em processo de tratamento.
E as alunas? assitindo como um zoológico tal realidade.
Anote bem, esse doente aqui é aquele que vocês viram no livro de Fulano de Tal. Anotem bem.. a realidade é diferente e choca.
Ah, tanto já feito pelo movimento antimanifomial e tantas coisas mais a serem feitas.

"Loucos perigoso são produtos da ignorância médica. O que existe não são loucos perigosos, são lúcidos perigosos."
Dr. Lopes Rodrigues

Luta antimanicomial. Traços da futura profissão.
Em choque.

Indignada com os homens.
Em luto.

Barbacena, 09 de dezembro de 2006.

quinta-feira, 7 de dezembro de 2006

Duas mulheres - Diálogos

Ao volante converso e questiono. Passa um carro e mais outro, e as palavras passam mais rápidas do que qualquer carro nessa autovia. “Saudade do sentimento”. Sei bem como é, o início e o final marcados pela intensidade do desconhecido.
Início! Despertar do novo faz da ansiedade borboletas! “Ao chegar na escada, o coração disparava”. Borboletas, escadas, dois corações e histórias com finais muito semelhantes. Ah... Final! Só de lembrar... preferimos não. O sujeito da ação mudou. As pobres borboletas já não têm mais forças para “borboletear” e a dor de barriga do medo vem
fazer companhia. “É... acabou”. Aumenta o som pra esquecer e pisa nesse acelerador para nos testar.
Pobre de nós, pensando que a música iria maquiar as reflexões. Passa outro carro, e surgem mais palavras. “Todo relacionamento estaria fadado à comodidade?” Céus! Bem, vamos voltar alguns (bons) quilômetros e lá está: “é... eu também fui assim”. Intenso... Depois da grande mudança, foi tudo assim, tão intenso que me presentearam com “Tanta decepção! Logo quando as cores ficaram mais vivas e passei a sentir como parte de mim”.
O ponteiro de velocidade reduz cada vez mais, “estamos perto” e o pensamento longe, muito longe... Cada vez menos carros e espontaneamente mais palavras tentando aproveitar cada segundo que nos resta, inutilmente... “Chegamos”. Chega o sentimento novo. Chega o desconhecido fascinante e nem tempo de contar tive. “Bem, deixa pra outra hora”. Solta metade da embreagem, pisa um tico no acelerador, dá uma olhadinha no retrovisor e abre um sorriso. Borboletas visitam me novamente... “Romântica, você nunca aprende...”

segunda-feira, 4 de dezembro de 2006

Frase do mês:

"Faça da jaca sua fantufa! "

por orkut (ai medo... vício?)

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Jacas, fantufas, provas.
Nó de escoteiro.
Confusões. Confusões. Confusões.
Telefone mudo.
Trabalhos. Mais trabalhos.
Sem ninguém do outro lado e
lanchonete.
Sem desculpas.
Sem visitas.
Mal entendido
muitos..
Dono dos olhos.
Procura.
Procuro... olhos...
Verde!
Feliz,
E atolada
em mil coisas
sem nexo!

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Ah! Viva Nando Reis.
Luz e caos, fico com essa:

"Aeronaves seguem pousando
sem você desembarcar

Pra eu te dar a mão nessa hora
Levar as malas pro fusca lá fora

E eu vou guiando,
eu te espero, vem..."

Luz dos Olhos - Nando Reis

domingo, 3 de dezembro de 2006

Dialética

Cada vez mais me convenço disso. Mesmo com o mistério, mesmo com a música, mesmo o desejo pelo novo. Sinto-me assim, atada.
É uma falta de respeito da vida não nos informar por onde vamos e onde vamos chegar com isso tudo. Ah... Mas que triste saber o final e não ter o gostinho do desconhecido.
Se fossemos analisar tudo o que se passa em nossa mente, ficaríamos loucos. E um pouco de loucura é imprescindível.
A cada gesto novo, a lembrança de um antigo. A cada ritmo novo, o velho bolero vem à tona. A cada mergulho me falta o ar.
O que seria esse sentimento senão a parte mais feliz do sofrimento inato?
Ah céus! Esse tempo passa devagar. Essa espera não tem fim e o momento esperado vai passar tão rápido. E o que seria dessa incerteza sem o conforto da dialética?