sábado, 10 de fevereiro de 2007

Tenho a clareza de quem está para morrer e a angústia do nada saber de quem está a pouco por aqui. Dessa linha tênue entre a vida e morte, entre a quimera e a realidade é que faço meus dias. Dias engajados em uma única árdua tarefa, conviver com o que eu verbalizo. Essa minha prolixidade resultando em nada. O desejo de escrever sobre o amor ainda permanece. Não o amor de beijinhos no portão, cinema às 16hs ou de medo de pai, mas o amor das cantigas de Tom e Vinicius, dos poemas de Drummond e sonetos de Pessoa. Quero cantar sobre o beijo esquecido, os carinhos guardados, os olhos encantadores e encantados. Não preciso que sejam reais minhas cantigas, nem tão delicadas minhas palavras; queria somente escrever um poema de amor sincero. Não só de amor simples e rotineiro, mas desse amor-quimera que eu guardo. Quero fazer viver esse sentimento no papel de um jeito que outros apenas leiam, desejando sentir a doçura do que eu amo. Mas eu não escrevo. A linha tênue pende cada vez mais para o nada e minhas palavras não ecoam.
Os ouvidos pedem:
"And as I lay me down tonight,
I close my eyes, what a beautiful sight
Sleeping to dream about you
And I'm so tired of having to live without you
But I don't mind.
Sleeping to dream about you and I'm so tired"

(Jason Mraz - Sleeping to dream)

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