domingo, 9 de março de 2008




Eles estavam um no outro, naquela madrugada quente. A rua deserta fazia fachada para tolices, enquanto caminharam de mãos dadas até a esquina. Foi ali, exatamente naquela hora, que, displicentemente, as mãos se soltaram. Ele não tentou pegá-las, ela fingiu que não sentiu. Os olhos se viram. Os braços oferecem achego, mas as mãos não se tocaram... Ele se virou, ela permaneceu parada. Ele deu o primeiro passo, ela petrificou-se. Ele fazia-se costas, ela abaixou os olhos, levando-os ao chão. Ali, bem ali, na madrugada quente, criou-se duas novas vidas separadas por um buraco gelado, aberto aos pés e dentre(o) (d)eles.

E teria a brisa quente levado a figura desse bonito a perder no horizonte, se não fosse a necessidade de deixar tudo sereno, traduzindo o encolher dos ombros e, já, lá longe, no virar da cabeça, o último olhar de palavras rompendo o silêncio compreendido.
Aquela noite era apenas mais uma noite quente, sem chover....







2 comentários:

xyz disse...

Essa tal necessidade de deixar tudo tão sereno ... as vezes é fatal.
Belo texto.
Abraço.
Elis.

Fabrissa Valverde disse...

Eu devia ter passado cerol num desses balanços. Devia! Eu bem que pensei em passar, mas...

Não se deve engolir vontade mesmo!
Cicuta no mingal também seria interesantíssimo, mas... onde que se compra cicuta mesmo?

Páginas amarelas, aí vou eu.