quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

“Amar é dar ao outro tudo de si. Até mesmo a própria solidão, coisa mais última que se pode dar.”

Leio isso e penso sobre as limitações destes amores. Amar o indizível de forma única que o que separa a entrega é a solidão. Neste fragmento de segundo que não ultrapassamos a idéia da entrega, somos dois corpos inertes, frente a frente, observando, cada qual, a sua própria solidão espelhada no outro corpo, bem ali, ao alcance real do seu toque e das distâncias irreais de todas as condições. Penso sobre a superposição dos imperativos que nem sempre conseguem dizer das sutilezas que não podem ser ditas, deixando-nos, novamente, frente a frente, a silêncios. Momentos inteiros que cabem em fragmentários segundos de solidão...


Caberia alimentar-nos de nós mesmos na esperança que isso faça a entrega ser menos anulante de nós mesmos – por amor? Caberia, também, alimentar-nos da imagem reflexa dos amores indizíveis, por não serem, nunca, compreendidos e assim, teimar com a solidão egoísta – por amor? Caberia doer nos minutos de espera silenciosa por não caber mais na coisa vivida?! Sinceramente, penso e o que fica é a coisa mais urgente que se pode ter: amor último. Como a entrega e o cuidado que se alimentou e tem fome de comunhão, preciso de uma vida clara... clarinha.

Um comentário:

xyz disse...

Sincero, me pareceu!
Belo texto!
Abraço, Elis.