segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Em mês qualquer, a meu ver, minha história primeira: quando bêbada me bole o corpo inteiro uma vontade de sambar. Vem subindo por meus pés uma vontade de trocar minhas roupas por vestidos rodados, meus sapatos altos por meus pés em carne viva. O álcool abre um portal com minhas raízes; vem de onde eu não consigo acessar pela memória, uma vontade de soltar os cabelos e cair na negritude que corre em mim, tornando-me uma negra de corpo e alma fartos, marcada por gerações, mas redonda, liberta... Correndo por lugares que eu nunca vou conseguir correr. Bole-me por dentro minha história não revelada, meu verdadeiro eu, minhas verdades. Isso que me entorpece também me chama: torne-se quem você é! Faz com que eu me revele mais e mais e mais de carne e osso, saliências e em comunhão com tudo o que eu acredito: essa luta por algo imenso, seja pelo meu amado social, classe, cor de pele, diversidade sexual. O que me bole me chama ao encontro de mim mesma em múltiplas alas em pleno meu carnaval que não precisa esperar o próximo mês para acontecer. Ai que vida boa, ô Lelê!

Trilha: Vai passar do meu Chico:

Um comentário:

xyz disse...

Senti falta daqui.
Abraço, Elis.