terça-feira, 2 de novembro de 2010

A noite e sua nudez
a voz da menina em admiração aberta,
alternância de sátira ou silêncio entristecido
hoje sou testemunha da noite e sua nudez,
hoje assisto ao testemunho da menina e seu amor calado
há entre nós a pouca distância de quem sabe para sempre
e o muito que nos separa
é o mudo do meu presente.
a menina, olhos de menina,
a aceitação e a dor desta menina,
grandes na nudez da noite,
no passageiro da criação,
nos sonhos sonhados, suspeitados,
a voz e o silêncio sobre o que sempre soubemos,
entre a paixão da menina
e o desejo da paixão que me anima,
ainda ausente como estou,
menina que perdi,
além do primeiro das coisa.

Ana Cristina Cezar – Da pasta rosa (06/11/70)

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