sábado, 12 de maio de 2007

Décimo segundo dia do mês de maio. A moça acorda com um aperto no peito, e ainda na cama reza para conseguir aliviá-lo. Sem sucesso, apressa-se para o banho, onde as suas gotículas se confundiriam com outras tantas. O que urge, além dos cristais, é a ausência dela em si mesma. E dói tanto que ela dobra-se, ajoelhando-se, para ver sair de si uma outra mulher. Despedindo-se com candura da moça, que ainda fica do lado de dentro, ela sai como a outra mulher que fala, gesticula, dança o que vier e mente delicadamente ao sorrir. Mentira maior contada a aquela pequena moça que se dobrou. A pressa do dia ela mede por ponteiros, que sem se mover, andam com o vento. E, venta tanto... O tempo apressa-se e finda o dia em pensamentos. A moça pensa na ausência de mês que faz com que surja mulher qualquer. Falta-lhe tanto que é como se lhe faltasse um membro. Suas atividades, moldaram-se ao dia que o mundo de “ponto-com” foi envolvido pelo acaso e feito dos dias, alma. Tanta coisa por de trás dessa moça, e ela consegue apenas (de forma compensatória) dobrar-se em mulher qualquer. Fraqueza que não permite falar, para flor, do acaso ou da magnitude do de dentro ou dos porta-retratos na parede branca. Fraqueza da palavra que floresce algo já sabido e negado e faz com que o dia, antes mágico, se feche em nebulosidades e vírus. E o que a moça rezou baixinho em diferentes momentos do dia foi força para apenas seguir, sem tentar assimilar particularidades que somente o que lhe falta pode trazer a ela. Deus e Deuses surdos! Céu e Sol encobertos e ventos... E, ela apenas vive em função do que ainda teima em bater.

Um comentário:

samir honorato disse...

Faça um traço louco, numa tela branca, suja de lembranças do passado e lá estarei eu, porque sou, também, vida, embora desvairada, como o meu inverso.
O que teima em bater é escuro, e por mais que tudo seja escuro d'alguma forma nessa vida, digo que essa escuridão que falei a priori é feita de uma escuridão que pesa os pés; as outras são como neblina: existem para futuramente desneblinar...

A gente usou metáforas parecidas com relação ao tempo ;)

"algo como o ponteiro de um relógio que é também movido pelo vento, em vez de seguir sua conhecida rota guiada pela energia de uma pilha ou de uma corda." Mi.

"A pressa do dia ela mede por ponteiros, que sem se mover, andam com o vento." M. Fonseca

Té! :)