sexta-feira, 11 de julho de 2008

O mundo dentro, em mim.

Escrever, no caso, para adultos, é a forma de se comunicar com a legião estrangeira que nos habita ao fundo, já diria Lispector sobre chegar ao íntimo do homem com as palavras. Na impunidade do anonimato e na habilidade em tocar fundo, assim como as palavras, acredito que há, também, o sexo. No esfregaço dos corpos, no molhado do suor, nos movimentos tenazes de lábios, línguas, mãos, transborda-se o mais profundo do homem: toda sua animalização, instintos de sobrevivência, ali, jogados em vinte minutos de danação terrena. O que nos toca fundo, transborda-nos. Deixamos o Superego das máscaras sociais para deleitarmos com tudo o que o Id nos presenteia. O sexo e as palavras, mecanismos dúbios de gratificação e punição singulares. Ah! Certamente não há nada que se compare com a sensação de gozo da conclusão de alguma produção textual ou dos desejos. Sensação seguida de uma morte momentânea, onde se quietam as bocas e mãos, corpos e mentes; um hiato até que a necessidade de se desfazer das meigas caras do dia-a-dia fizer-se insuportável; despindo-se, assim, dos recalques. O toque do outro, compatibilidade de pele, do mesmo sabor nas bocas e o brincar magistral das mãos é a ponte ao corpo nu, à matéria pura - essência animalesca que fissura; e que, sem controle, nos leva ao que somos. Se escrever é arte de se encontrar, e arder em par é um encontro ainda mais sublime... o que somos?

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