segunda-feira, 1 de outubro de 2007

“É difícil perder-se. É tão difícil que provavelmente arrumarei depressa um modo de me achar,
mesmo que achar-me seja de novo a mentira de que vivo."
(Clarice Lispector)
Nós somos mim.
E para ser mim, não basta eu. Eu-eu relação ativa só para os outros, quando não mim, não eu. E este eu sem mim é passivo, fecha e abre cortinas como se abrisse janelas para os diversos eu. Mas para ser eu, ativo, preciso do sopro de mim. Nós somos mim. E mim quer, mim necessita ser eu ativo, com liberdade de inventar as conjugações porque mim como nós nunca terá regra, nunca será expresso, por mais que mim faça do sufoco, palavras. Só mim faz isto. E ser-me não há regra; não é expresso por não existir, apenas suportar o eu passivamente. Nós somos mim. Nós-mim dá-me o eu falado, nós-mim é o sopro de uma única existência sem regra, que se preenche de nadas para ser só tudo. Nós-mim, sopro de existência, enche-me e esvazia-me de eu. Preciso perder-te de mim para encontrar-me eu, mas nós somos mim. Nós somos mim, mesmo sem nunca ter-te mim...
Eu não sou-me sem mim.

2 comentários:

Fabrissa Valverde disse...

Com 'mim' ou sem 'mim'...
Comigo, sim?

xyz disse...

"E para ser mim, não basta eu."
Com toda a certeza!
Abraços.