quinta-feira, 7 de junho de 2007

Do sagrado construto

"O monstro sagrado morreu: em seu lugar nasceu uma menina que era sozinha"
(Clarice Lispector)
O rosto não reconhece mais. O que é divide-se em duas máscaras que não se refletiam no espelho de ontem. Uma ri, entorpece em líquidos de felicidade e traga fumaça doce. Deixa lábios com gosto de frutas e beija o que é apenas a malignidade do desejo de ser feliz. A outra, na volta do barco, tem peso nos olhos, estômago poético e consciência escura. Pinta-lhe no corpo a dúvida do não saber o porque do que agora se concretiza, e mesmo assim brinda com o acaso. Nas esquinas, as duas encontram-se. Resta-lhe se embebedar de passado e se matar no presente. Ambas não são ela, mas ela é ambas momentaneamente. Não sendo o que algum dia se fez, vira o que não tem governo. O que se mata hoje, alegra-se amanhã. Ela não é mais quem os seus costumavam acreditar que fosse. Imagem inversa, agora duas, e, em prece pede a Deus para não interiorizá-las. Ah, ela não é nada disso.

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